Alunos da Escola Estadual General Abreu e Lima, localizada no município de Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife, criaram um equipamento, feito com material reciclável, para alimentar cães que vivem nas ruas. Batizado de PETs Food, está espalhado em cinco pontos da área central da cidade. Comerciantes que vendem comida para animais entram como parceiros e cedem ração para abastecer os depósitos. Moradores simpáticos à causa também se engajam no cuidado com os bichos.
A ideia surgiu como Trabalho de Conclusão do Fundamental (TCF) de um grupo de sete adolescentes. Desde o ano passado, todos os estudantes da rede estadual que chegam ao 9º ano do ensino fundamental precisam apresentar um projeto relacionado a uma problemática do cotidiano escolar, do local onde vivem ou de uma temática que desperte interesse deles. “Percebemos que há muitos cachorros abandonados pelas ruas de Abreu e Lima. Veio a ideia de criar um projeto para alimentá-los”, conta a estudante Débora Barbosa, 18 anos, atualmente aluna do 1º ano do ensino médio.
No início, água e ração foram colocados em potes improvisados, que terminavam perdidos ou destruídos. “Juntamos um caixote de verdura, pedaços de cano, dois pequenos botijões para colocar água e ração e dois saleiros e montamos o PET Food”, explica Débora, dona de dois cães. Em um dos lados, o cachorro toma água, que sai por uma torneira e cai num dos saleiros. No lado oposto, há a cumbuca para armazenar a ração.
“A ração cai automaticamente. Já a água é preciso que uma pessoa abra a torneira quando acaba o líquido do recipiente”, informa Thiago Winícius Gonçalves, 15. Ele e mais três colegas assumiram a continuação do projeto este ano, já que o grupo das sete adolescentes que criou o equipamento ingressou no ensino médio e saiu da escola.
Em média, conforme os alunos, são distribuídos cerca de três quilos de ração por semana. Na frente da escola, que fica numa das principais vias de Abreu e Lima, a Avenida Duque de Caxias, há um dos PET Food colocado na calçada. A Praça Antônio Vitalino, distante 10 metros do colégio, tem mais dois equipamentos. Os outros dois estão na Praça da Bandeira e na Praça São José. “Nosso desejo é que os cães sejam adotados”, diz o diretor da escola, Isaías Oliveira.
Cabe a Thiago e ao colega José Vitor Gomes, 14, a tarefa de colocar os recipientes nesses endereços, no início da manhã, já que ambos são alunos do turno matutino. Outros dois jovens, do 9º ano da tarde, cuidam de recolher o material e guardá-los na escola, no fim do dia. “Achei o projeto interessante, pois os cães não ficam com fome. Por isso, doamos de 3 a 4 quilos de ração por semana”, afirma Edilene Pereira, dona de uma loja de comida para animais.
O ambulante Roberto Pereira também contribui voluntariamente com o projeto. “Tenho cinco cachorros. Compro ração pra eles e para os que ficam nas ruas. Já colocava comida no chão. Agora, uso esse recipiente criado pelos alunos e cuido para que a população não destrua”, ressalta Roberto, que vende água mineral e confeitos na Praça Antônio Vitalino.