Estado licita novo Mercado das Flores no Cais de Santa Rita

Construído há oito anos, mercado atual é retrato do abandono. Maioria dos 48 boxes está fechada
Cidades
Publicado em 15/07/2017 às 7:13
Foto: Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem


Depois de viabilizar R$ 5,1 milhões para instalação de pisos e cobertas do Cais de Santa Rita – uma obra municipal que se arrasta há três anos, a Secretaria de Turismo de Pernambuco lançou edital, na quarta-feira, para construção de um novo Mercado das Flores no cais. A estimativa é de que a obra custe R$ 1,9 milhão e seja concluída em cinco meses após a seleção da empresa vencedora.

O projeto foi elaborado pelo município e será executado a cem metros do mercado atual, vizinho à segunda praça de alimentação do Cais de Santa Rita, ou seja, estará mais integrado ao espaço do cais. O número de boxes (48) se mantém. “Estamos executando vários projetos de urbanização nos bairros de São José, Santo Antônio e no Bairro do Recife, que são áreas históricas, de interesse tanto do cidadão quanto do turista”, salienta o secretário de turismo do Estado, Felipe Carreras. A ideia é melhorar a mobilidade desses locais, prejudicada pelo comércio informal.

Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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“Vale salientar que não estamos privilegiando o Recife. Até dezembro, estaremos executando R$ 60 milhões em obras pelo Programa de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur), em várias cidades litorâneas e em municípios do Agreste e do Sertão. Os recursos estavam disponíveis e permitiam esse tipo de investimento, mas agora já estão comprometidos”, explica.

RETRATO DO ABANDONO

Construído há oito anos, sem nunca ter sido inaugurado, o Mercado das Flores é o retrato do abandono. Quiosques sem cor, cobertos de lonas rasgadas, telhas caindo aos pedaços, portas remendadas pelos sucessivos arrombamentos. Ferrugem por todos os lados. Desordem. A maioria dos boxes está fechada. Sem movimento, foram deixados de lado.

“Quem chega de carro ainda compra nos boxes da frente. Mas nos de trás não vem ninguém. Eu só venho para não ficar em casa, mas desde o mês passado estou tirando da aposentadoria para pagar uma taxa de R$ 95 que a prefeitura começou a cobrar”, relata a florista Selma Sales, 68 anos, há 54 trabalhando no ramo. Os comerciantes acreditam que a taxa é para selecionar quem vai para o novo espaço.

Selma conta que recentemente encontrou um casal fazendo sexo em cima de seu birô. “Também já entraram pra fazer uma festa. Enfeitaram tudo, fizeram churrasco, deixaram até feijoada pra mim”, relata sorrindo, com ar de quem já se acostumou com a falta de segurança. “Não tem o que fazer. Quero é sair daqui”.

Comerciante de um box frontal, Ana Dias, 56, lamenta que tenha tomado conhecimento do projeto pela imprensa. “Deveriam falar com a gente, explicar o que vai ser feito, saber do que a gente precisa. Se reduzirem nosso espaço para um banco de feira vai ficar difícil, mas é bom a gente ir para um lugar mais organizado”, diz.

Por meio de nota, a prefeitura afirma que “dará continuidade ao diálogo existente desde o início da gestão, tendo sempre em mente a melhoria da área onde o mercado está inserido”. E diz que parte da primeira etapa do cais, prevista para junho, será inaugurada em setembro.

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