Museu de Arte Sacra ocupa o prédio do antigo Palácio Episcopal

Palácio dos bispos no século 17, o prédio do Museu de Arte Sacra de Pernambuco (Maspe) é apresentado na quinta reportagem da série sobre os primeiros prédios com tombamento federal em Olinda
Cleide Alves
Publicado em 24/05/2018 às 8:08
Foto: Foto: Alexandre Gondim /JC Imagem


Em 2017, o Museu de Arte Sacra (Maspe), situado no Alto da Sé, em Olinda, recebeu 9.157 visitantes. O prédio que atrai a atenção de turistas nacionais e estrangeiros é uma construção que remonta ao início da colonização portuguesa no Brasil, no século 16. Naquele local, em 1537, o primeiro governador da capitania de Pernambuco, Duarte Coelho, construiu a Casa de Câmara e Cadeia. No ano de 1693 (século 17), a edificação é transformada no Palácio Episcopal, a residência oficial dos bispos.

Enquanto serviu de moradia para os bispos da Diocese de Olinda, criada em 1676, o prédio passou por reformas e ampliações. “Três imóveis foram unificados para a construção do palácio”, informa Iron Mendes de Araújo Júnior, historiador do Maspe. A edificação atual, restaurada nos anos 1970 pelo arquiteto José Luiz Mota Menezes, para abrigar o Museu de Arte Sacra, preserva características do Palácio Episcopal no século 18.

São esses os três imóveis que dão origem ao Palácio Episcopal, edificação reformada no século 18 com o aproveitamento das duas casas do século 16. José Luiz se baseou em plantas antigas para restaurar o prédio do Museu de Arte Sacra e num desenho do pintor Manoel Bandeira (1900-1964), além de fotografias, para refazer os torreões. Partes internas da residência dos bispos tinha sido modificada, diz ele.

Acervo

Na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o antigo Palácio Episcopal serviu como quartel para soldados, informa Iron Mendes. O Maspe, que só viria a ser inaugurado em 11 de abril de 1977, reúne obras sacras do século 17 ao 20, arte popular, santos de procissão e materiais usados nas liturgias católicas. “Nosso acervo é formado de peças da Arquidiocese de Olinda e Recife, oriundas de igrejas das duas cidades”, diz o também historiador do museu Onildo Moreno.

O Brasão de Armas do 15º Bispo de Olinda e o último a morar no palácio, dom Tomaz de Noronha e Brito, instalado na fachada do prédio no século 19, é hoje o símbolo do Museu de Arte Sacra. “Dom Tomaz de Noronha ficou à frente da diocese de 1823 até 1829. O piso de ladrilho hidráulico (da fábrica inglesa Minton Hollyns) mantido em uma das salas do museu foi colocado durante reformas executadas nessa época”, afirma Iron Mendes.

O museu é mantido pela arquidiocese numa parceria com Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe). Entre as peças em exposição, Onildo e Iron Mendes destacam o sacrário da Igreja da Madre de Deus. A urna, onde os padres guardavam a hóstia consagrada, foi roubada em 1976 e recuperada no Rio de Janeiro em 2014. É uma arca feita de madeira revestida com prata, possivelmente do século 19.

Eles também ressaltam na mostra em cartaz, comemorativa dos 40 anos do Maspe, três imagens de santos católicos decapitadas no século 17 durante a ocupação holandesa no Nordeste brasileiro (1630-1654). Elas foram resgatadas na Igreja de Nossa Senhora da Graça, de Olinda, numa escavação feita pelo arqueólogo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Marcos Albuquerque.

O gestor do Museu de Arte Sacra, padre Rinaldo Pereira, aprovou em 2017 pela Lei Rouanet projeto no valor de R$ 10.414.061,32 para a obra de restauração do prédio. A taxa de acesso ao museu custa R$ 5 (inteira) e R$ 2,50 (meia), com gratuidade para maiores de 60 anos e crianças até 12 anos. O palácio está inscrito no Livro de Belas Artes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 13 de maio de 1938.

Serviço

Museu de Arte Sacra
Avenida Bispo Coutinho, 726, Alto da Sé
Visitação: terça a domingo das 10h às 17h
Fone: (81) 3184-3154

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