Em greve, médicos fazem protesto contra precaridade de unidades do Recife

Após realizarem vistorias, os médicos encontraram pacientes com falta de água, medicamento e em estrutura precária
JC Online
Publicado em 25/09/2018 às 16:02
Após realizarem vistorias, os médicos encontraram pacientes com falta de água, medicamento e em estrutura precária Foto: Foto: Reprodução/ Simepe


O Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe) realizou um protesto nesta terça-feira (25) contestando a precaridade do Centro de Atendimento Psicossocial (Caps) após realizarem uma vistoria no local e localizarem os pacientes com falta de medicamento e água, sem lugar para deitar e em infraestrutura precária. Os médicos da Prefeitura do Recife estão em greve, por tempo indeterminado, desde a última sexta (21).

O sindicato afirmou que decidiu realizar vistorias em unidades médicas, visitando a Unidade de Saúde da Família (USF) Sítio do Céu, de Santo Amaro I, na área central da Capital; a Unidade de Saúde da Família Ilha de Santa Terezinha, também em Santo Amaro e, por fim, o Caps José Carlos Souto, que fica no bairro dos Torrões, na Zona Norte de Recife. 

Na primeira vistoria, o Simepe afirmou que localizou uma estrutura precária, com as nebulizações acontecendo na recepção da unidade e os pacientes tendo que esperar serem atendidos sem se protegerem do sol. Os médicos ainda contaram que, no local, faltavam remédios e a improvisação fazia parte do trabalho numa área sem ventilação.

No segundo local visitado, no entanto, o sindicato diz que a situação estava normal, tendo, apenas, alguns pacientes reclamando da estrutura da unidade e da ausência de medicamentos. 

Caps

A maior reclamação do Simepe é em relação à estrutura do Caps, da qual o sindicato explicou que os pacientes estavam desde essa segunda-feira (24) sem água para beber. O Centro de Atendimento teria solicitado a água por volta das 7h desta terça-feira, e, na visita dos médicos, às 13h, a solicitação não foi concluída e o próprio sindicato ofereceu água para os pacientes.

Além disso, o Simepe declarou que não tinha lugar adequado para os pacientes, pois era preciso deitar os pacientes no chão ou em cadeiras para dormir. O sindicato ainda denunciou uma piscina que estava propícia para proliferação de focos de dengue, além de um teto próximo a ceder e a ausência de medicamentos no local.

Greve

Os médicos da Prefeitura do Recife entraram em greve na última sexta-feira (21) por causa da falta de medicamentos, insegurança e infraestrutura precária que eles relatam ter de enfrentar. Acordos feitos com a gestão municipal desde 2017 estavam sendo aguardados pelos profissionais de saúde desde janeiro deste ano, e, até então, não receberam nenhum retorno da pasta responsável.

"Vários pontos foram discutidos, entre eles, a segurança das unidades, ronda de vigilantes, que é algo mais do que necessário, pois há vários relatos de criminalidade nos estacionamentos dos hospitais", relata Tadeu Calheiros, presidente do Sindicato.

Em contrapartida, a Prefeitura do Recife lançou, em nota, após a definição da greve dos médicos do Recife, que o canal de diálogo entre a categoria sempre esteve em aberto.

Nota da Prefeitura do Recife

"A Prefeitura do Recife lamenta o uso deste tipo de expediente como forma de manifestação e reitera que o canal de diálogo com a categoria sempre esteve aberto. A Prefeitura lembra ainda que de 2013 até hoje, a categoria foi contemplada com reajuste acumulado de 32,95%, sendo 4,04% dado este ano, além das progressões de carreira que impactam diretamente na remuneração". 

Reunião

O Simepe afirmou que na manhã desta quarta-feira (26) os médicos vão realizar uma reunião para discutir se a greve vai permanecer ou não. Questionados sobre a probabilidade do fim da manifestação, o sindicato alegou que, possivelmente, a greve deve continuar devido à Prefeitura do Recife não entrar em contato com o sindicato para nenhuma negociação.

A Coordenação de Saúde Mental informou que está sendo feito projeto de readequação do outro imóvel onde irá funcionar o Centro de Atenção Psicossocial José Carlos Souto. Já a Gerência do Distrito Sanitário II esclareceu que o problema da água mineral foi decorrente do intervalo para reposição dos garrafões.

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