Adiado duas vezes em um mês e meio, começou, na manhã desta terça (6), no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, o julgamento do sargento reformado da Polícia Militar (PM), Luiz Fernando Borges, acusado de matar Mário Andrade de Lima, de 14 anos, no dia 25 de julho de 2016, no bairro do Ibura, Zona Sul do Recife. Se condenado, o ex-PM pode ficar preso por mais de 30 anos.
O júri popular deveria ter acontecido em 24 de setembro, dia em que o menor faria 17 anos, mas foi adiado, sob alegação de que o advogado do acusado não havia sido intimado. No dia 10 de outubro, o advogado não foi. Agora, caso ele não compareça, o ex-PM Luiz Fernando Borges terá de ser acompanhado por um defensor público. Ele está preso em Igarassu, no Grande Recife, e sua tese é de que atirou por pensar que era um assalto. Mas testemunhas dão detalhes de execução. O amigo (então com 13 anos) correu, foi baleado e se fingiu de morto. Mário virou símbolo de luta em defesa dos jovens negros de periferia.
Pela segunda vez, Joelma Andrade de Lima, 36 anos, mãe do adolescente, pode encarar o assassino de seu filho. Ela espera que a questão seja resolvida nesta terça-feira e disse que está apreensiva por saber que enfrentará, cara a cara, o sargente reformado. "Eu estou muito mais nervosa que os outros dias. Muito mais, porque sei que vou passar o dia inteiro olhando para cara dele", afirmou Joelma.
O promotor de justiça, Guilherme Castro, disse ter expectativa que o julgamento termine nesta terça-feira e que o ex-policial Luiz Fernando Borges seja condenado. "Nós seguiremos este julgamento com a expectativa que termine hoje (terça-feira, 6), porque não há necessidade ouvir mais testemunhas", disse o promotor.
Para Joelma Andrade, a condenação do ex-sargento só irá aliviar a dor que ela sente por ter perdido seu filho. "Foi uma ferida que ele fez que não vai ter cicatriz. A dor vai sempre estar comigo. A condenação dele hoje só vai me aliviar um pouco", declarou Joelma.