Dezenove anos após sua morte, o arcebispo emérito de Olinda e Recife, dom Helder Camara, está mais perto de ser beatificado. A sessão de encerramento da primeira etapa do processo está marcada para 16 de dezembro, às 9h, na Igreja da Sé, em Olinda. Na noite dessa segunda-feira (12), durante o lançamento oficial do Congresso Eucarístico Nacional de 2020, na Igreja do Coração Eucarístico de Jesus, no bairro do Espinheiro, Zona Norte do Recife, o frei Jociel Gomes, postulador da causa de beatificação e canonização, adiantou que um milagre atribuído ao Dom da Paz teria ocorrido no território da Arquidiocese de Olinda e Recife. A missa também ocorreu em ação de graças pela conclusão dos trabalhos da chamada “fase diocesana”.
“O acompanhamento dos milagres acontece sob sigilo, mas já existe um caso aqui na arquidiocese. Por intercessão de dom Helder, a pessoa está totalmente curada. Nós vamos acompanhar esse caso”, explicou o frei Jociel Gomes.
O arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, espera que a descoberta agilize o processo de beatificação. “Temos todo o material. Quando Roma aceitar é que se pode divulgar, mas existe aí um grande milagre feito pela intercessão de dom Helder. Espero que isso ajude a apressar o processo para que possamos o quanto antes ter a declaração de dom Helder como beato e, depois, santo”, disse.
|
Nessa primeira etapa, que teve início em 3 de maio de 2015, o Tribunal Eclesiástico ouviu testemunhas que conviveram com dom Helder em locais como o Recife e Fortaleza, onde ele nasceu, em 1909. Paralelamente, duas comissões, histórica e teológica, prepararam pareceres e relatórios sobre o religioso. “Agora, marcamos para o dia 16 de dezembro o fechamento das caixas onde todo o material vai estar, isso exige uma sessão solene. Vamos encaminhar tudo para Roma para iniciar a segunda fase, entregue a Congregação para as Causas dos Santos”, explicou dom Fernando.
Para a beatificação, conforme explica o frei Jociel, é preciso que se comprove um milagre após a morte. “Depois, para a canonização, é (necessário)um milagre após a beatificação”.
A devota Maria Vanda de Araújo, 75 anos, vice-presidente do conselho curador do Instituto Dom Helder Camara (IDHec) e uma das integrantes do Tribunal Eclesiástico que realizou a “fase diocesana”, afirma que para ela e para todos os ouvidos nessa etapa, dom Helder já é considerado beatificado e canonizado. “Eu acho que nem precisava de um processo para dizer que ele é santo. A vida de dom Helder Camara já atesta a santidade dele. Qualquer pessoa que você conversa coloca que a santidade de dom Helder é o amor aos pobres, a luta pela justiça. Isso já é suficiente para atestar”, disse.
Dom Helder, nasceu na cidade de Fortaleza, no Ceará, no dia 7 de fevereiro de 1909. Foi nomeado arcebispo de Olinda e Recife e assumiu a arquidiocese, em 12 de março de 1964, quando o Brasil encontrava-se em pleno domínio da ditadura militar. Permaneceu neste cargo durante 20 anos. Morreu no dia 27 de agosto de 1999, vítima de parada cardiorrespiratória. Em dezembro de 2017, ele se tornou patrono brasileiro dos Direitos Humanos.
Entre 12 e 15 de novembro de 2020, durante o Congresso Eucarístico Nacional, os dias serão de intensa atividade religiosa e litúrgica para os católicos recifenses. A programação do encontro, cujo tema é "Pão em todas as mesas", inclui celebrações simultâneas, simpósios e feiras.