Situada na esquina da Rua da Conceição com a Avenida Manoel Borba, próximo à Praça Maciel Pinheiro, na Boa Vista, área central do Recife, a Igreja de Santa Cecília está sendo aos poucos reaberta. Construída em 1683 e reformada em 1788, a capela esteve fechada durante bom tempo por falta de verba para reformas, transmitindo imagem de abandono a quem passava pelo local. Agora, após reparos, sediará missas e encontros da Pastoral do Povo da Rua, da Arquidiocese de Olinda e Recife (AOR). Nesta quinta-feira (22), dia de Santa Cecília, padroeira da música, o templo receberá uma celebração presidida por dom Limacedo Antônio da Silva, bispo auxiliar da AOR, e uma apresentação do Conservatório Pernambucano de Música.
A capela original foi construída no século XVII por Cristóvão de Barros Rego e ganhou o título de Nossa Senhora da Conceição. Quase duzentos anos depois, foi doada em ruínas à Venerável Irmandade de Santa Cecília, responsável pelo atual nome. Nos últimos cinco anos, esteve fechada por não ter condições de receber visitantes ou celebrações.
“Tivemos uma feliz surpresa ao ver que ela não tem grandes comprometimentos na estrutura. Foi um alívio para nós. Depois de reparos na parte elétrica, pudemos retomar as missas. Aos poucos, vamos fazendo os ajustes e conseguindo doações para que as atividades da Pastoral do Povo da Rua sejam realizadas nesta igreja”, comenta o padre Marcos Mendes, que faz parte do grupo. Segundo ele, a área mais comprometida da capela é o telhado, onde precisam ser trocadas madeiras que, por estarem em mau estado, causam infiltrações. Após o conserto, será feita a pintura da área interna e externa do templo.
No altar-mor, feito todo em madeira, está a imagem de Santa Cecília, que havia sido guardada na Igreja Matriz da Boa Vista enquanto a capela esteve fechada. Apesar do tempo, ele se encontra conservado. Além do telhado, paredes apresentam problemas. Nelas, foram encontrados ferros expostos e bastante infiltração. A reforma está sendo custeada por doações e rifas. Além do material para a requalificação, a Igreja de Santa Cecília precisa de bancos, mesas, ventiladores e cadeiras para que as atividades sejam realizadas.
A intenção da Pastoral do Povo da Rua é que o espaço também seja utilizado para o acolhimento de pessoas em situação de rua. Atualmente, eles realizam uma oficina de direitos humanos para esclarecer a população em situação de vulnerabilidade sobre direitos e serviços. Por enquanto, o encontro ainda acontece em uma sala do Santuário de Nossa Senhora de Fátima, também na área central da cidade.
“Estávamos há mais ou menos três anos buscando um local para atendermos a população. Conseguimos a capela e agora pretendemos deixar tudo pronto para que possamos desenvolver atividades de acolhimento ao público em situação de rua”, conta a coordenadora da Pastoral, Betânia Cavalcanti.
Entre a organização, também existe a intenção de desenvolver um projeto musical para as pessoas ajudadas. “Sonhamos com um coral do povo da rua ou oficinas de violão, por exemplo. Há muita gente na rua que têm talentos aptidão musical ou mesmo toca algum instrumento. Queremos fomentar isso como forma de elevar a autoestima dessas pessoas e fazê-las acreditar que há caminhos para sair da situação em que se encontram”, diz o frei Marcos Carvalho, que integra o grupo.
No dia 22, o bispo auxiliar dom Limacedo celebrará uma missa às 17h. Em seguida, haverá a apresentação “Tributo a Beethoven”, com o professor Djalma Claudiono, do Conversatório Pernambucano de Música. A igreja está aberta todas as quartas-feiras e tem missa ao meio-dia.
Interessados em ajudar no trabalho de reparo da capela, podem entrar em contato com a Pastoral do Povo da Rua por meio do telefone da coordenadora Betânia Cavalcanti. O número é 81 99272-3072.