Para Sandro Romilton e Lúcia Mota, pais da pequena Beatriz Angélica – que tinha 7 anos quando foi assassinada em 10 de dezembro de 2015 em Petrolina, no Sertão do Estado – pior do que acordar a 1.095 dias sem ver o rosto da filha é ter que conviver três anos com interrogações, negligência e poucas respostas do poder público. Há um ano, quando a delegada Polyana Neri, diretora-adjunta da Diretoria Integrada do Interior 2, assumiu o caso em caráter de exclusividade, a Polícia Civil renovou a promessa de dar mais informações à família sobre o inquérito, mas isso não aconteceu. Enquanto se prepara para pedir nova quebra de sigilo das investigações, a família volta na próxima quarta-feira ao Recife para cobrar punição aos envolvidos no crime.
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“O meu sentimento é o mesmo, de dor e saudade. São muitas as lembranças da nossa princesa, da rotina que, até hoje, não conseguimos restabelecer. Seguimos lutando para que, um dia, quem sabe, possamos ter paz de espírito”, desabafa Lúcia Mota, mãe de Beatriz. Foi ela a última a ver a pequena com vida, durante a festa de formatura da irmã mais velha na Escola Nossa Senhora Auxiliadora, em Petrolina. A menina pediu à mãe para beber água e desapareceu em seguida. O corpo foi encontrado cerca de 40 minutos depois, com 42 perfurações de faca.
O que aconteceu nesse espaço de tempo permanece um mistério, mesmo após três anos e quatro delegados no comando das investigações. Em dezembro de 2016, quando o caso estava prestes a completar um ano, a família divulgou uma série de cards com questionamentos à polícia. Entre as muitas lacunas, os familiares queriam saber por que a escola realizou uma reforma sem motivos aparentes em uma sala de balé, próxima ao local onde Beatriz foi encontrada morta. A resposta nunca chegou. Na mesma época, a delegada Gleide Ângelo, famosa por desvendar casos de repercussão no Estado, foi designada para as investigações, que antes já haviam sido conduzidas pelos delegados Sara Machado e Marceone Ferreira.
Em março de 2017, o caso teve o seu maior avanço, com a divulgação das imagens do suposto assassino de Beatriz. Elas teriam sido recuperadas, após serem apagadas por um prestador de serviço da escola. A primeira negativa de acesso ao inquérito, que corre sob sigilo, ocorreu em novembro daquele ano. Após um protesto no Palácio do Campo das Princesas, sede do governo estadual, a Polícia Civil designou a delegada Polyana Neri para atuar com exclusividade no caso.
De lá para cá, 50 pessoas que não haviam sido inquiridas foram ouvidas. Além delas, 30 testemunhas depuseram novamente, segundo nota enviada pela polícia. Nem a delegada nem o chefe da Polícia Civil em Pernambuco (PCPE), Joselito Kehrle, responderam aos pedidos de entrevista da reportagem. No comunicado, a Polícia Civil afirma ainda que um pedido de prisão preventiva e um mandado de busca e apreensão foram solicitados à Justiça, relativos a uma pessoa suspeita de ter atrapalhado as investigações. “O pedido de prisão foi negado pela Justiça, porém o mandado de busca e apreensão foi cumprido. Aparelhos celulares, computadores, pendrives e HDs foram recolhidos e perícias estão sendo realizadas”, diz um trecho da nota. O inquérito tem 19 volumes e mais de 4 mil páginas. A polícia garantiu que a família terá acesso a todo o material e que tem “confiança na elucidação do caso.”
PROTESTO
Na quarta-feira, parentes e amigos se reunirão em frente ao Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), no Recife, por volta das 8h e seguirão até o Palácio do Campo das Princesas. Além da manifestação, a data seria marcada pela transferência do corpo da menina, que está enterrado em um cemitério da família, em Juazeiro, na Bahia, para Petrolina, município vizinho. O translado, porém, depende de uma autorização judicial que, segundo a família, ainda não foi concedida.