A jovem de 19 anos escalpelada em um acidente de kart no Walmart em Boa Viagem, Zona Sul do Recife, no último domingo (11), pode ser operada no Brasil. De acordo com Eduardo Tumajan, namorado da vítima, o advogado da rede de supermercados entrou em contato com o responsável pela defesa da vítima e anunciou a possibilidade de envio de um médico pernambucano que trabalha há anos na Baylor College of Medicine, em Houston, no Texas, Estados Unidos, para Ribeirão Preto, município em São Paulo, para onde a paciente deve ser transferida e passará por nova cirurgia.
'Hoje pela manhã tivemos uma reunião com o nosso advogado, e ele está em contato com o advogado do Walmart em São Paulo. Existem duas possibilidades para a realização do tratamento, uma nos Estados Unidos e outra em Ribeirão Preto. De imediato [a decisão] seria para Ribeirão Preto, por ser mais próximo', disse Eduardo. O nome do hospital em que a jovem passaria pelo procedimento não foi revelado por Tumajan.
O centro estadunidense de Houston acompanhou o passo a passo da cirurgia de Débora Esthefany Dantas de Oliveira por videoconferência, de acordo com a equipe médica do Hospital da Restauração (HR), onde a jovem está internada, e têm tecnologia suficiente para fazer um trabalho muito bem feito.
A assessoria do Walmart demonstrou desconhecimento acerca do envio do médico especializado e da liberação de qualquer quantia para custeio do tratamento. Representantes da rede de supermercados ainda realizam reunião acerca do caso.
Estado de saúde
Com base no boletim divulgado nesta sexta-feira (16) pelo HR, Débora apresenta quadro clínico estável e permanece na UTI. Entretanto, os médicos demonstraram apoio à família da vítima na decisão de transferir a paciente para um outro centro de tratamento.
A assessoria do hospital ainda confirmou o surgimento de novos coágulos sanguíneos na área da cirurgia, o que pode levar à perda do reimplante feito no atendimento de emergência. Com isso, a nota afirma que enxertos com peles de outras regiões do corpo de Débora podem ser implantados.
De acordo com o namorado da vítima, Eduardo Tumajan, o Walmart marcou uma reunião com a família na última quarta-feira (16), mas os representantes do supermercado não compareceram. Douglas Nascimento, o tio da jovem, afirmou que ainda não houve remarcação do encontro e que a família ainda aguarda o posicionamento do Walmart.
A assessoria do Walmart negou que qualquer reunião tenha sido marcada e afirma que espera resposta do setor jurídico para tomar novas providências.
Escalpelamento em pista de kart
O acidente que escalpelou a auxiliar de ensino infantil Débora Stefany ocorreu na pista de kart Adrenalina, que funcionava há um mês no supermercado Walmart de Boa Viagem. O local foi interditado e não retomará as atividades.
Débora e o companheiro pagaram R$ 50, cada, por 22 voltas. A tragédia aconteceu quando ela estava na segunda volta. De acordo com relatos ao Procon, funcionários teriam ficado desesperados na hora e não teriam prestado socorro à vítima. Após 30 minutos de espera por atendimento, ela foi levada pelo namorado ao HR.
“Ela não teve nenhum tipo de assistência, eles foram totalmente omissos. Não havia bombeiro civil, militar ou alguém que pudesse fazer esse acolhimento. Também não havia viatura para levá-la a um hospital”, denunciou Douglas Nascimento, tio de Débora, em entrevista à TV Jornal.
À TV Jornal, um funcionário da pista, que não quis ser identificado, disse que o cabelo de Débora se soltou repentinamente. Ele garantiu que seus colegas prestaram socorro e acusou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de demora.
De acordo com a Secretaria de Saúde do Recife, o pedido foi feito às 17h05. Às 17h07 a ambulância foi acionada e às 17h27, quando o Samu já estava à caminho, foi informado de que a vítima havia sido levada em um veículo particular.
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O empresário Wanderlei Dreyer, pai do dono do Adrenalina. Ele classificou o episódio como “fatalidade”. “Foi um acidente. É o primeiro caso desde que atuamos na área, há 20 anos”, alegou. A família, disse, já planejava fechar o empreendimento porque não estaria dando o lucro esperado.
O Procon alegou que, como a pista funcionava em terreno alugado ao Walmart, a responsabilidade pelo que acontece no local é compartilhada pelas duas empresas. Em nota, o Walmart informou que vai prestar assistência à vítima e está à disposição das autoridades. “As atividades seguem suspensas até que as causas do acidente sejam esclarecidas. A prioridade número um do Walmart é a saúde e segurança de seus funcionários e clientes”.
Investigação
Alguns funcionários do kartódromo foram ouvidos nesta quinta-feira (15) na Delegacia de Boa Viagem. “Pelo que temos a princípio, algumas normas de segurança não eram cumpridas e os funcionários não passavam por nenhum curso técnico”, disse o delegado Alfredo Jorge, responsável pela investigação.