Reforço no policiamento das prévias em Olinda é visto como maquiagem

Quem vive nas imediações dos pontos tradicionais da festa concorda que o reforço é pequeno em comparação com a quantidade de foliões
Editoria de Cidades
Publicado em 28/01/2017 às 8:12
Quem vive nas imediações dos pontos tradicionais da festa concorda que o reforço é pequeno em comparação com a quantidade de foliões Foto: Foto: Bobby Fabisak/ JC Imagem


Em resposta à onda de violência nas ladeiras de Olinda durante as prévias de Carnaval, a Polícia Militar de Pernambuco anunciou nessa sexta-feira (27) um reforço no policiamento da Cidade Alta, que começa neste sábado (28). Quarenta e dois PMs estarão nas ruas a pé e motorizados. Neste domingo (29), quando uma multidão deve tomar conta do Sítio Histórico, o número sobe para 133 militares a pé. O aumento de 53 homens em relação ao último domingo, quando assaltos e arrastões criaram um clima de medo, é visto como maquiagem por associações que representam a categoria e insuficiente por quem vive nas imediações dos pontos tradicionais da festa. 

“O Estado está tentando criar um esquema tático tirando o pessoal do setor administrativo e colocando nas ruas. A intenção é passar a sensação de que tudo voltou ao normal, de que o PJES voltou a funcionar, mas continuamos em operação-padrão”, destacou o presidente da Associação de Praças Policiais e Bombeiros Militares do Estado de Pernambuco (Aspra), José Roberto. “O que não pode haver é serviço extra, porque os policias não são obrigados. O esquema não é um problema desde que não afete a operação-padrão nem exija jornada estendida dos PMs.”

“O policial interno também vai para as ruas, mas isso claramente é uma maquiagem, e uma maquiagem malfeita pelo governo”, critica o presidente da Associação de Cabos e Soldados, Alberisson Carlos. “Vamos ter as prévias agora e os clássicos de futebol. O que acontece é que não existe efetivo para esse policiamento, já que grande parte dos policiais trabalhava no PJES”, lembra o líder sindical.

A descrença também é grande por parte da população. “O número é muito pequeno perto da quantidade de gente que brinca nas prévias. No último domingo foram quase 100 policiais e não adiantou”, criticou o aposentado Gilvan Trajano, 78 anos. Ernani Lopes tem 72 anos e é ex-presidente da troça Menino da Tarde. Em tantos anos de Carnaval, nunca viu tanta violência. “Hoje faz medo de ver Carnaval até da janela de casa. Essa quantidade de policiais não dá conta”, afirmou.

Os policiais que estarão a pé contarão com o apoio de nove guarnições táticas das Unidades Especializadas, além de três guarnições de radiopatrulhas. No entorno da Cidade Alta, também haverá o apoio do 1º Batalhão com rondas e abordagens. O policiamento será coordenado pela Companhia Independente de Atendimento ao Turista (Ciatur). “Na prática, o efetivo deverá chegar a 160 policiais. Temos também 35 câmeras de monitoramento, o que acredito ser o maior adensamento da Região Metropolitana do Recife. É mais do que suficiente para garantir a segurança”, assegurou o secretário de Segurança Urbana de Olinda, coronel Pereira Neto. 

TENSÃO

O reforço policial foi uma solicitação da prefeitura após os arrastões do último domingo. A tensão aumentou quando, no início da semana, o comandante-geral da PM, Carlos D’Albuquerque, declarou que as câmeras do Sítio Histórico estavam desativadas. 

Na quarta-feira, a gestão municipal lançou uma central de videomonitoramento móvel acoplada a um micro-ônibus da Guarda Municipal. Além dela, uma Plataforma de Observação Elevada com 14 câmeras reforçará a segurança no local. Em nota, a SDS informou que os equipamentos de segurança foram alvos de vândalos e o prazo para que voltem ao funcionamento termina na semana pré-carnavalesca.

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