Nascido na Bahia, com influência política em Pernambuco e trabalhos diplomáticos desenvolvidos em defesa do Brasil no exterior, Rui Barbosa de Oliveira, mais conhecido apenas como Rui Barbosa teve diversas funções em seus 73 anos de vida: advogado, diplomata, jornalista e político. No último sábado, dia 5 de novembro, ele completaria mais um ano de vida, se estivesse vivo.
"Ele foi uma figura importante, com postura de estadista e que pensava no Brasil em sua totalidade. Tinha uma estatura moral invejável, inclusive uma história conta que Barbosa preparou um discurso a ser feito contra os abusos e o massacre ocorridos na Guerra de Canudos, mas acabou sendo guardado na gaveta, pois não seria politicamente favorável a ele", relatou Severino Vicente, professor de história da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A batalha de Canudos ocorreu entre os anos de 1896 e 1897 e foi disputada entre o exército brasileiro e integrantes de um movimento social e religioso, no sertão baiano.
Porém, há quem diga que o papel mais relevante do político esteja associado à diplomacia. Apelidado de "Águia de Haia", Rui foi designado para representar o Brasil na 2ª Conferência Internacional de Paz em Haia, na Holanda. Por lá, enfentou os preconceitos das grandes potências e lutou pelo princípio da igualdade entre os Estados. Para o Historiador Marcos Aratu, a importância de Barbosa é vista quando o assunto é política externa. "Ele falava muitas línguas e como diplomata representou o Brasil de maneira formidável em locais como Londres, Paris e Haia", afirmou.
Na área política, ocupou o posto de MInistro da Fazenda entre os anos de 1889 e 1891, mas deixou o cargo quando o então presidente Deodoro da Fonseca sofreu pressão da elite agrária brasileira. Entretanto, não teve sucesso nas campanhas eleitorais que encabeçou, tendo desistido da candidatura em 1905 e sendo derrotado pelo Marechal Hermes da Fonseca, na chamada "Campanha Civilista", integrada por civis e contrária à candidatura de um militar.
Marcos Aratu, entretanto, destaca o que seria um desserviço para a história prestado pelo político."Ele era um abolicionista e afirmava que a escravidão tinha sido uma vergonha para o Brasil. Mas, na tentativa de apagar esses anos da nossa história, fez com que os documentos da escravidão fossem queimados, no prédio onde hoje fica o Paço Alfândega.
No Recife, a lembrança de Rui Barbosa é reacendida por aqueles que cruzam a Avenida que leva seu nome, na Zona Norte da capital pernambucana. Nela, transitam 21 linhas de ônibus, que fazem parte dos 24 mil veículos que passam pela via todos os dias, segundo dados da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU).
E, se muitas histórias fazem parte da trajetória do político, o mesmo pode ser dito sobre a avenida. Um passeio ao longo dos cerca de 2 km de extensão da via revela construções que guardam um pedaço da memória recifense. A Academia Pernambucana de Letras é uma delas. O prédio é uma edificação do século 19 , tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a biblioteca da Academia reúne mais de 30 mil livros.
Outro ponto histórico da Rui Barbosa é a Estação Ponte d'Uchôa. Construída em 1865, ela fazia parte do circuito de trens Maxambomba, que operou no Recife até os anos iniciais do século 20.
A avenida ainda é o endereço do Museu do Estado de Pernambuco, em funcionamento desde 1929 e que serviu de moradia para o Barão de Beberibe. O palacete foi construído no século 19 e hoje abriga cerca de 14 mil itens entre obras de arte e peças arqueológicas.