Nos próximos 45 dias, os frades capuchinhos da Basílica da Penha, no Centro do Recife, saberão o valor exato da obra de restauração das torres sineiras do prédio, que apresentam rachaduras, desprendimento de reboco e oxidação das partes de ferro. O projeto executivo, contratado pelos religiosos e previsto para ficar pronto em setembro, também vai detalhar as avarias, com o grau de comprometimento de cada uma e o serviço necessário para corrigir os problemas.
Engenheiros e arquitetos investigaram a situação de uma das torres – a mais próxima da Rua das Calçadas, na lateral do templo católico – de sábado até ontem, com ajuda de uma plataforma e equipamentos que usam eletromagnetismo. Por causa do estudo, esse trecho da via, entre a Praça Dom Vital e a Rua de Santa Cecília, teve de ser totalmente interditado ao trânsito de veículos, nos três últimos dias. Assim que a plataforma for retirada do local, o tráfego será liberado, com restrições, como já vinha sendo praticado.
A Prefeitura do Recife mantém a Rua das Calçadas parcialmente interditada desde dezembro do ano passado, quando um pedaço de reboco da torre sineira desabou. A área do bloqueio foi reduzida em maio, para permitir o trânsito de veículos. Pedestres circulam apenas no passeio público defronte às lojas. De acordo com a Defesa Civil da cidade, essa situação vai perdurar até a execução da obra de restauração das torres, ainda sem data para começar.
O trabalho realizado na torre tem como finalidade avaliar a resistência das paredes e a presença de oxidação nos metais, diz o engenheiro civil Luciano Arruda, um dos integrantes da equipe. “É como se fosse uma radiografia e uma ultrassonografia da estrutura”, compara o engenheiro. Com a plataforma, os técnicos conseguiram chegar bem perto da torre. “Há rachaduras generalizadas, fissuras e trincas, além de oxidação”, adianta Luciano Arruda.
Frei Luís de França, reitor da basílica, informa que a prospecção das torres é coordenada pelo Centro de Estudos Avançados da Conservação Integrada (Ceci), uma Organização Social de Interesse Público (Oscip) com sede no bairro do Carmo, em Olinda. “Não será uma intervenção simples, o prédio é histórico e temos de respeitar os materiais utilizados”, observa o engenheiro. A Basílica da Penha é uma construção de 1872 (século 19), tombada como patrimônio do Estado de Pernambuco. Localizado na Praça Dom Vital, bairro de São José, o imóvel está fechado para obras de restauração desde setembro de 2007.