Federalizadas em agosto, após dez meses nas mãos da Polícia Civil, as investigações sobre a morte do promotor de Itaíba Thiago Faria Soares avançam, com a prisão de mais um suspeito de participação no crime. José Marisvaldo Vítor da Silva, conhecido como “Passarinho”, de 52 anos, foi detido por policiais federais, na cidade de Senhor do Bonfim, na Bahia, ontem, com apoio da Polícia Civil local. Ele teria fortes vínculos com José Maria Pedro Rosendo Barbosa (apontado como autor intelectual do homicídio e que se entregou na terça-feira), tendo também fugido da cidade de Águas Belas, vizinha a Itaíba, no Agreste, no dia do assassinato, em 14 de outubro de 2013.
Assim como José Maria, Marisvaldo também tinha prisão preventiva decretada por outro crime, mas a PF conseguiu um novo mandado de prisão temporária na 16ª Vara Federal. Conforme o superintendente da PF pernambucana, Marcello Diniz Cordeiro, o suspeito foi chamado à Polícia Civil e recebeu voz de prisão. “Ele chegará ao Recife até a sexta-feira e certamente trará novos elementos às investigações que tendem a ser concluídas em breve”, afirma.
O delegado preferiu não adiantar detalhes de como teria sido a participação de Marisvaldo no caso. Mas, nas investigações iniciadas pela Polícia Civil, ele é citado como suspeito de participação no crime junto com “Emanuel Boiadeiro”. Na Bahia, Marisvaldo trabalhava como auxiliar de serviços gerais e já foi detido por furto e receptação. O outro suspeito é acusado de homicídios em Alagoas.
“Todas as pessoas citadas no inquérito estão sendo ouvidas pela Polícia Federal e nenhuma linha de investigação ainda foi descartada”, ressalta Marcello Diniz.
A principal linha que vinha sendo tocada pela Polícia Civil trazia José Maria como autor intelectual do crime devido a uma disputa de terras. Marido da herdeira da Fazenda Nova, em Águas Belas, ele perdeu o imóvel por um dívida trabalhista na Justiça Federal e a fazenda foi arrematada em leilão pela noiva do promotor, Mysheva Martins.
Thiago teria ajudado a noiva no processo de desapropriação e, por conta disso, José Maria teria encomendado sua morte ao cunhado, Edmacy Cruz Ubirajara, que chegou a ser preso dois meses, sendo solto no dia 18 de dezembro, por falta de provas.
José Maria tinha prisão preventiva decretada e estava foragido há um ano e 14 dias. Ao se apresentar à PF, deu a entender que se escondia por perto de casa, tendo dormido até em cemitério e votado nos dois turnos das eleições. Ele alega inocência, mas prestará novos depoimentos ao delegado responsável pelas investigações, Alexandre Alves.
O Ministério Público Estadual recorreu à Procuradoria-Geral da República para que o pedido de federalização fosse levado ao Superior Tribunal de Justiça. A alegação foi de conflitos entre a Polícia Civil e o MPPE sobre a condução do inquérito. O promotor foi morto com quatro tiros de calibre 12 no rosto e pescoço, na PE-300, que liga Itaíba a Águas Belas, dentro do carro que dirigia. Ao seu lado estavam a noiva e, no banco de trás, um tio dela. Os dois saíram ilesos.