Pai de Carlinhos vai pedir a guarda do filho na Justiça argentina

Em entrevista por telefone, de Buenos Aires, o advogado Carlos Attias pede que o filho seja ouvido pela Justiça e que o desejo da criança seja considerado. “Ele não quer morar com a mãe. O sentimento dele precisa ser respeitado.” Acusado de sequestrar filho no Recife, ele foi liberado pela justiça argentine e segue na companhia da criança. A màe, Cláudia Boudoux, está no país vizinho tentando repatriar o menino. Ela recebe suporte da Polícia Federal e da Embaixada Brasileira.

JC – A informação oficial da Polícia Federal é que o senhor estava preso desde a última quarta-feira e que Carlinhos foi levado para um abrigo. O que, de fato, aconteceu?

CARLOS ATTIAS – Meu filho nunca esteve em nenhum abrigo. Eu fui levado por agentes da Interpol na quarta-feira e liberado no dia seguinte após prestar depoimento ao juiz federal Ariel Lijo. Quis falar com a imprensa justamente por isso. Pelas mentiras que estão sendo contadas a meu respeito. Não sou criminoso nem estou foragido. Sou advogado, meu endereço consta nos registros do Banco Central argentino. Não tenho razão para me esconder.

JC – Por que o senhor não devolveu Carlinhos à mãe em janeiro deste ano, conforme havia determinado a Justiça?

CARLOS – Quem primeiro desrespeitou uma ordem judicial foi a mãe, quando não me deixou passar o Natal com meu filho. Vocês precisam saber a história verdadeira, não versões fantasiosas. Desde outubro do ano passado, Carlinhos começou a denunciar na escola que vinha sendo vítima de maus-tratos praticados pela mãe e pela avó materna. Ele chegou a aparecer com um corte na perna, cuja marca existe até hoje. Tivemos que levá-lo para o hospital. Isso tudo está documentado. Temos testemunhas, depoimentos. Há queixas na delegacia. Fiz de tudo para que a Justiça tentasse resolver essa situação. Tudo o que quero é proteger meu filho.

"SÓ DESEJO O MELHOR PARA MEU FILHO"

JC – Cláudia Boudoux o acusa de influenciar Carlinhos, nestes últimos meses, para que ele não queira voltar a morar com ela e as irmãs no Recife.

CARLOS – Nunca fiz isso. Jamais. Só desejo o melhor para o meu filho. E é por isso que quero que ele seja ouvido pela Justiça. Quero que diga tudo o que viveu, o sofrimento que passou, o que verdadeiramente sente. Ele não quer voltar a morar com a mãe de jeito nenhum. E não é uma situação que ele diz agora, depois que ficou comigo. Ele já me pede isso desde o ano passado, quando ainda vivia com Cláudia. Falou isso na escola, na delegacia. É preciso ouvir meu filho. O que ele sente precisa ser respeitado.