O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) recomendou, na tarde desta terça-feira (28) a suspensão imediata da obra de construção de um pátio para feirantes na área do Casarão da Várzea, no bairro de mesmo nome, na Zona Oeste do Recife. O impasse ocorreu após o início da derrubada da caixa d’água que fica anexa ao prédio considerado Imóvel Especial de Preservação (IEP).
Integrantes do Movimento Salve o Casarão da Várzea acionaram o MPPE, que recomendou a imediata suspensão da obra, até que todos os esclarecimentos sejam prestados. Por meio de nota, a Prefeitura do Recife informou, ontem à noite, que ainda não havia sido notificada da decisão, mas garantiu que a demolição do reservatório foi autorizada pela Diretoria de Preservação do Patrimônio Cultural (DPPC), mesmo órgão responsável pelo parecer em favor da classificação do casarão em IEP.
A derrubada da caixa d’água começou na manhã desta terça-feira, por volta das 10h. Parte do muro que cerca o casarão também foi demolido. Após protestos no local, a polícia foi acionada e os serviços, suspensos. À tarde, integrantes do movimento se reuniram com o promotor Ricardo Coelho, da Promotoria de Meio Ambiente da Capital, que recomendou a paralisação da obra no entorno do casarão.
“Nada pode ser demolido, uma vez que o imóvel e todo o seu entorno foi considerado IEP. Já há no Ministério Público, inclusive, uma investigação aberta para apurar o abandono do prédio principal. Agora eles nos informaram que também vão investigar essas demolições”, afirmou Priscila Tamar, integrante do grupo Salve o Casarão da Várzea.
A Prefeitura do Recife nega que o projeto do pátio da feira esteja sendo executado sem a prévia consulta da comunidade. Segundo a PCR, os ambulantes foram cadastrados pela Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano (Semoc).
“O espaço beneficiará mais de 50 comerciantes com 40 boxes de feira livre, 13 boxes fixos, banheiros públicos masculino e feminino, setor administrativo e uma nova caixa d’água que atende às normas técnicas vigentes”, diz a nota encaminhada à imprensa. Em relação à derrubada do reservatório, a prefeitura afirmou que a obra recebeu parecer favorável da Diretoria de Preservação do Patrimônio Cultural.
Prédio é um raro exemplar da memória arquitetônica da cidade. Abrigou, entre as décadas de 50 e 60 do século passado, o Hospital Odontológico Magitot, primeiro do gênero na América do Sul, e único representante do estilo chalé romântico com dois andares na capital. Apesar de histórico, o imóvel está abandonado há mais de 40 anos.
Em 2015, o prédio foi classificado como Imóvel Especial de Preservação (IEP). Três meses depois, a prefeitura anunciou a construção de um mercado público no pátio externo do casarão. As intempéries consomem o que resta das portas, janelas e gradis que “ornamentam” o imóvel.