Nesta segunda-feira (10), durante o júri popular de dois acusados de assassinar o cirurgião Artur Eugênio, os familiares do médico não esconderam a dor que permanece pela perda do filho, há quatro anos, em maio de 2014. "A ânsia da família por justiça é muito grande. Não temos nem como dimensionar esse tamanho. Acreditamos que a justiça da terra será feita, porque a do céu já deve estar sendo paga", disse Alvino Luiz Pereira, pai de Artur.
Com apenas 6 anos, o filho pequeno do cirurgião ainda não conseguiu superar completamente a morte do pai, e clama por ele com frequência, segundo conta Maria Evani, mãe de Artur. "Até o túmulo do pai ele já quis visitar, acredito que na expectativa de encontrar ele lá. O amor era muito grande".
Ao ex-médico cardiologista Cláudio Amaro Gomes, um dos acusados de ser mentor do crime e que está sendo julgado essa semana, Maria Evani dirigiu um desabafo emocionado: "Eu só queria ter a oportunidade de perguntar a esse senhor se ele já amou na vida. Se ele sabe o que é amor. Se abe mensurar essa falta que estamos sentindo. Só queria saber isso [...] Se ele sabia o que era tirar um filho de uma mãe da maneira que ele tirou, covardemente. Se ele sabia o que era deixar um filho sem um pai da maneira que ele deixou meu neto".
Além de Cláudio, Jaílson Duarte César também deve sentar no banco dos réus, suspeito de intermediar a contratação dos executores. O primeiro responde por homicídio qualificado com motivo torpe e recurso que impossibilitou ou tornou impossível a defesa da vítima, enquanto Jaílson responde pelas mesmas acusações e por crime de dano qualificado.
Ao todo, cinco homens seriam os responsáveis pelo assassinato. Cláudio Amaro Gomes Júnior (filho do suposto mandante) e Lyferson Barbosa da Silva foram condenados em setembro de 2016. O quinto e último indiciado, Flávio Braz, morreu durante troca de tiros com policiais em 2015.
A defesa de Jaílson Duarte César disse que o cliente está sendo processado "apenas porque trabalhava no escritório como corretor de seguros do Cláudio Amaro Gomes Filho", e que eles apenas se conheciam, mas não eram amigos. "[Ele é] completamente inocente. Tanto é que ele não estava no inquérito no inicio, colocaram ele só no final, foi citado nos últimos dias. Ele está bem tranquilo. Sabe que vai ser um debate muito difícil, mas ele vai conseguir ser inocentado", afirmou o advogado de defesa. Para o julgamento, ele levará três testemunhas.
Pai e filho são acusados de planejar a morte do cirurgião Artur Eugênio, de 34 anos, que foi arrastado por dois homens na entrada do prédio onde morava, em Boa Viagem, na noite do dia 12 de maio de 2014. O corpo foi encontrado no dia seguinte, às margens da BR-101, em Jaboatão dos Guararapes, Grande Recife, com marcas de tiros, e o carro carbonizado foi abandonado no bairro da Guabiraba, Zona Norte da capital.
De acordo com o Ministério Público, a motivação do crime teria sido desentendimentos profissionais entre Cláudio (pai) e Artur, que já tinham trabalhado juntos. O suposto mandante está preso preventivamente no Centro de Observação e Triagem em Abreu e Lima (Cotel), em Abreu e Lima, desde junho de 2014.