A falta de equipamentos adequados para a polícia fez com que o fim de um mistério que já dura três anos e cinco meses fosse adiado mais uma vez. Um pescador da Ilha de Itamaracá, no Grande Recife, repassou ao delegado Derivaldo Falcão informação sobre a possível localização dos restos mortais da corretora Taciana Barbosa, assassinada em maio de 2008. A ossada estaria submersa em uma área de currais de pesca a cinco quilômetros da Praia de Jaguaribe, em Itamaracá. Policiais civis, bombeiros e peritos passaram quatro horas procurando os ossos, mas não tiveram condições técnicas de concluir a busca. Eles foram ao local de carona em um barco de pesca inapropriado para o serviço. Nova tentativa será feita terça-feira (4).
De acordo com o delegado Derivaldo Falcão, que investigou o desaparecimento da corretora em 2008 e comandou as buscas ontem, Taciana foi assassinada pelo policial militar Marco Antônio de Medeiros. Ela mantinha um relacionamento com o PM e estava grávida de oito meses.
Taciana foi sequestrada em Rio Doce, Olinda, após receber ligação do policial militar convidando-a para um encontro. Em novembro de 2008, o pescador Edmilson José Ramos Filho confessou que teria ajudado Marco Antônio a esconder o corpo da grávida no fundo do mar, em Itamaracá. Na época, após várias buscas com a ajuda do pescador, o Corpo de Bombeiros não conseguiu encontrar o cadáver.
“Um pescador estava mergulhando para pegar lagostas e viu uma ossada, inclusive um crânio, no fundo do mar. Ele marcou o local e relatou a um amigo que nos procurou. Infelizmente, não tivemos condições de concluir as buscas porque o mar está muito agitado e a correnteza forte. Vamos tentar novamente na maré alta da próxima terça.” A identidade do pescador que deu a informação não foi divulgada.
Os policiais, peritos e bombeiros chegaram à Praia de Jaguaribe por volta das 10h da última sexta-feira (30). Eles pegaram carona na baiteira Shalom (Paz, em hebraico) e permaneceram por quatro horas no mar.
Ao retornar, o perito Diego Costa explicou a dificuldade do trabalho. “Precisamos de mais equipamento para delimitar a área a ser vasculhada. Não tínhamos como fazer isso e vamos montar a logística necessária e voltar na próxima semana.”
Diferentemente do que afirmou o delegado Derivaldo Falcão, que apontou más condições climáticas para concluir as buscas, a assessoria dos bombeiros informou que o barco de pesca foi usado porque se tratava apenas de uma operação de reconhecimento. O dono da baiteira conhece a área e auxiliou na localização do ponto de referência. Na próxima terça serão usados os equipamentos necessários para concluir a busca.
O PM Marco Antônio de Medeiros aguarda julgamento preso. Ele responde por homicídio, ocultação de cadáver, furto e aborto. A defesa recorreu da decisão da juíza Maria Segunda, da 1ª Vara do Júri de Olinda, para que ele não seja levado a júri popular.
O Tribunal de Justiça referendou a determinação da magistrada e o recurso está em tramitação no Superior Tribunal de Justiça.