Poção é tomada pelo medo e pela tristeza após chacina

A cidade viveu um clima de luto, durante todo o domingo (7/fev) por causa da morte de três conselheiros tutelares e uma idosa, assassinados a tiros
Amanda Tavares
Publicado em 07/02/2015 às 20:46
Foto: Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem


Um clima de comoção e medo tomou conta do município de Poção, Agreste do Estado, desde a noite da última sexta-feira, quando três conselheiros tutelares e uma professora aposentada foram assassinados a tiros numa área rural da cidade, conhecida como Cafundó. Os corpos das três vítimas foram velados no salão paroquial da cidade, durante a tarde e a noite de ontem. O enterro será realizado às 9h de hoje no cemitério da cidade. 

O marido da professora Ana Rita Venâncio de Brito, 63 anos, João Batista de Brito, 53, afirmou que a esposa, uma das vítimas do crime, tinha ido a Arcoverde, cidade vizinha, com os conselheiros tutelares, para buscar a neta na casa da avó paterna. As duas famílias compartilhavam a guarda da menina, de 3 anos, desde a morte da mãe, Juci Venâncio de Brito. “Minha filha morreu envenenada, há dois anos. Agora, perco, também de forma cruel, a minha esposa. Ela morreu abraçada com a neta, protegendo a menina”, contou, emocionado.

A casa do conselheiro tutelar José Daniel Farias Monteiro, 31, ficou lotada de familiares e amigos que foram prestar solidariedade aos pais da vítima. Daniel era filho único. “A mãe está inconformada. Grita toda hora pelo filho, dizendo que quer ele por perto”, revelou a dona de casa Maria Simone Monteiro, 29, prima da vítima. “Nunca pensei que meu primo fosse morrer dessa forma. Ele sempre foi honesto, trabalhador. Um bom filho. Não merecia morrer assim. Aliás, nenhuma das quatro vítimas merecia”, declarou. Os outros conselheiros mortos foram Lindenberg Nóbrega de Vasconcelos, 53, e Carmem Lúcia da Silva, cuja idade não foi revelada.

O secretário de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude de Pernambuco, Isaltino Nascimento, visitou os familiares das vítimas. “Viemos prestar solidariedade e garantir que daremos todo o apoio necessário à prefeitura, para que não falte suporte social e de saúde para essas pessoas”, afirmou. O prefeito de Poção, Padre Cazuza, disse que, desde ontem, enfermeiros têm feito visitas às casas dos familiares, assim como assistentes sociais. “Decretamos sete dias de luto oficial na cidade. Primeiro, cuidaremos das questões relacionadas a enterro e velório, Depois, conversaremos com os outros dois conselheiros do município, como forma de manifestar apoio para que realizem seu trabalho de maneira segura”, concluiu. 

Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
Familiares chegam para o velório das vítimas de chacina em Poção, no Agreste de Pernambuco - Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
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Três conselheiros tutelares e uma senhora que morreu protegendo a neta foram mortos - Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
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Familiares estavam inconformados - Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
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Comoção nas ruas de Poção - Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
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Parente chegou a desmaiar durante o velório, no salão paroquial da cidade - Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
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Mulher é socorrida durante o velório - Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
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Cidade parou para velar as vítimas - Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
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Vítimas serão sepultadas neste domingo - Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
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Violência deixou população apreensiva - Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
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Chacina ocorreu na localidade de Cafundó - Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
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Chacina chocou população de Poção - Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
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Comoção na cidade após a chacina - Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
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Velório começou na tarde deste sábado - Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
- Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem

Por volta das 16h, os caixões chegaram ao salão paroquial. Centenas de pessoas que aguardavam do lado de fora homenagearam as vítimas com salvas de palmas e orações. “Os conselheiros desempenhavam sua função com muita seriedade e por isso a população está inconformada com o que aconteceu”, destacou Padre Cazuza.

A polícia ainda não divulgou com quais linhas de investigação está trabalhando. Extraoficialmente, porém, a população comenta que o crime pode ter ligação com a briga pela guarda da criança de 3 anos que estava no carro no momento em que os disparos foram efetuados. A menina ficou com o pai e a avó materna desde que a mãe, Juci Venâncio, morreu por envenenamento, há dois anos. A família afirma que a morte foi criminosa, porém ninguém nunca foi punido pelo crime. Desde a morte de Juci, avós maternos pegavam a criança a cada 15 dias, para passar o final de semana, mas a relação entre as duas partes não era amistosa.

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