As horas de tiroteio e pânico vividas por parte da população que reside na Zona Oeste da capital pernambucana, nas proximidades da Avenida Recife e da Doutor José Rufino, poderiam ter resultado em cenas ainda mais calamitosas. A constatação de que o assalto à empresa de transporte de valores Brinks, na madrugada desta terça-feira (21), poderia ter sido ainda pior foi feita pelos novos comandantes da Polícia Civil e Militar de Pernambuco durante coletiva de imprensa. Especula-se que cerca de R$ 60 milhões tenham sido levados pela quadrilha que seria formada por mais de 20 homens. A intenção deles, segundo o comandante da PM Vanildo Maranhão, era ter acesso ao segundo cofre da empresa, que guarda uma quantia muito maior do que a roubada.
Ainda segundo o comandante da PM, 138 policiais foram deslocados para conter a ação considerada "cinematográfica" pela população. Os bandidos teriam sido surpreendidos, conforme disse a polícia, já no momento em que encontraram uma blitz do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran) na Avenida Recife. O grupo teria passado em caminhões baú fechados com maderitas e pintados com tinta preta. Por estarem no sentido contrário ao da blitz, seguindo de Boa Viagem em direção à BR-101, os policiais acreditaram que os veículos estivessem seguindo para o Centro de Abastecimento e Logística de Pernambuco (Ceasa).
"Eles não conseguiram concretizar a ação deles. Com o apoio da Polícia Militar que chegou, eles empreenderam fuga. Os bandidos não conseguiram violar o segundo cofre. O objetivo principal dessa quadrilha era cessar esse cofre. A ação da Polícia Militar conseguiu evitar a ação deles", garantiu o comandante da PM.
A partir deste momento, por volta das 3h, o confronto entra a quadrilha e os suspeitos foi iniciado. Um cabo da Cioe e outro homem da Rádio Patrulha ficaram feridos. Um perímetro entre as avenidas José Rufino e Recife foi delimitado pelo grupo, que espalhou carros carbonizados nas vias para impedir a circulação do reforço policial. Parte da quadrilha entrou na empresa e explodiu o primeiro cofre, no qual se estimou haver cerca de R$ 60 milhões, quantia essa que seria muito inferior à guardada no segundo cofre, localizado em outro compartimento da empresa, alega o comandante da Polícia Civil, Joselito Kerhle.
Mesmo com o grande efetivo policial cercando a área em torno da empresa, os bandidos conseguiram fugir. A polícia acredita que alguns ficaram feridos e fugiram pelas ruas das comunidades da região. Na fuga, sete veículos utilizados no crime foram deizados para trás, sendo três deles blindados. Outros quatro foram encontrados na BR-408, próximos à Arena de Pernambuco; os outros três na mesma região, mais próximos ao bairro do Curado.
Após a fuga dos suspeitos, a polícia iniciou uma série de perícias na sede da empresa, na Avenida Recife, nas vias onde os carros foram deixados e em um galpão de localidade não informada. Lá estaria a base montada pela quadrilha aqui no Recife. Quinze carregadores de rádio transmissor, dez carregadores de fuzis AK47, três rolos de cordeis explosivos e munição de metralhadoras ponto 50, que podem derrubar até helicópteros. Os comandantes das corporações também garantem que a quadrilha não é de Pernambuco. A investida, apesar de não ter semelhança com as demais explosões relizados no Estado, seguem o modus operandi de assaltos em outros estados do Brasil.
A Polícia Científica deslocou seis equipes para análises preliminares. Cilindros de oxigênio, luvas, bala crava, coletes e fardamentos que simulam os utilizados pela Polícia Federal foram encontrados e serão passarão por análise balística, levantamento de impressões e análises biológicas.