Pernambuco tem apresentado números alarmantes em relação à falta de segurança. Essa violência pode ser verificada em assaltos e explosões contra veículos de transportes de valores. Somente nesta semana, houve três explosões contra carros-fortes, deixando três vítimas fatais. Situação que só piora quando compara-se o registro anual. Até agora, faltando mais de 4 meses para acabar o ano, foram apontados 12 assaltos no estado em 2017. Em todo o ano de 2016, foram registrados nove investidas com essa característica no estado. Pernambuco ficou atrás apenas de São Paulo, que calculou 17 investidas.
O Sertão foi a região que apresentou maior índice desses crimes. A cidade de Terra Nova teve carros-fortes explodidos em duas ocasiões. Outras cidades afetadas foram Cabrobó, Petrolina, Verdejante, Santa Maria da Boa Vista, Serra Talhada. No Agreste houve quatro ataques a veículos de transporte de valores, sendo as cidades de Caruaru, Bonito, São Caetano e São Bento do Una os alvos dos bandidos. Já na Região Metropolitana do Recife, apenas o município do Cabo de Santo Agostinho apresentou um assalto a carro-forte no ano de 2017.
De acordo com o Sindicato dos Vigilantes de Transporte de Valores e Escolta Armada de Pernambuco (Sindifort), os carros-fortes possuem blindagem que não são capazes de deter os armamentos usados pelos criminosos, de nível militar. O sindicato ainda informou que estão sendo realizadas denúncias sobre essas ações à Polícia Federal (PF).
Na manhã desta sexta-feira (18), ocorreu a investida mais recente a um veículo da empresa de transporte de valores e segurança privada Preserve. Um carro-forte foi assaltado e explodido na PE-365 entre os municípios de Serra Talhada e Santa Cruz da Baixa Verde, no Sertão. Até agora, sabe-se de uma vítima fatal, e a princípio a polícia teria identificado como um suspeito da ação. Veja o vídeo abaixo:
Um outro carro-forte foi explodido nessa quinta-feira (17), na PE-428, entre os municípios de Lagoa Grande e Santa Maria da Boa Vista, também no Sertão do estado. Os suspeitos estavam armados com fuzis e ninguém ficou ferido na ocorrência.
Já na terça-feira (15), outro veículo foi alvo da ação de criminosos, dessa vez em São Bento do Una, no Agreste do estado. A ocorrência foi registrada na PE-180. Oito homens participaram da investida com armas de grosso calibre. Após levarem os malotes de dinheiro, o carro-forte foi explodido. Eles atiraram contra três pessoas e duas das vítimas não resistiram aos ferimentos. O vigilante Roberto Ferreira Lira, 31, que dirigia o veículo, morreu na quinta-feira (18).
Uma das vítimas da insegurança contra empresas privadas foi Raniere Soares de 34 anos. Ele era o único vigilante presente na explosão contra a empresa de segurança Brinks, no dia 21 de fevereiro deste ano. Hoje, ele atua como vigilante da base e passa por tratamento psicológico e psiquiátrico pelo trauma sofrido naquela madrugada.
"Eu estava sozinho como vigilante e, dentro da empresa, havia outros dois funcionários. Estava na guarita quando começou toda a movimentação e o momento de pânico", relembra. Raniere se abrigou dentro de um dos veículos que estavam na empresa, enquanto cerca de 20 a 30 assaltantes recolhiam o patrimônio causando destruição no local. Ele disse que não teve a oportunidade de reagir, afinal estava com um revólver calibre 38, enquanto os criminosos carregavam fuzis e armamentos militares. "Não disparei contra eles em nenhum momento, só quis me proteger e esperar aquilo tudo acabar," comenta.
Raniere Soares trabalha como vigilante de segurança privada há sete anos, e garante que o trauma vivido naquela madrugada deixou fortes sequelas psicológicas. "É doloroso para mim relembrar aquele momento. Mesmo passando por acompanhamentos semanais, não me sinto preparado para voltar a trabalhar. Isso é triste porque eu gosto muito do que faço, mas a gente não pode correr esses riscos", lamenta.
Em relação à falta de segurança, Raniere Soares chama a atenção para o poder público. "A segurança privada está fragilizada com o armamento e a segurança pública não dá conta no combate à violência como deveria. É necessário fortalecer o nosso trabalho, aumentar o quantitativo de vigilantes, não aceitar que o profissional trabalhe desarmado (que é o que muitas vezes acontece), reforçar o armamento e acima de tudo, preservar a vida daqueles que estão trabalhando", finaliza.