O complemento da audiência de instrução e julgamento do motorista responsável pelo trágico acidente no bairro da Tamarineira - ocorrido em novembro do ano passado -, foi remarcada para o dia 21 de maio. Após ouvir 25 testemunhas, sendo 15 de acusação e 10 de defesa, o juiz Ernesto Bezerra Cavalcanti, da 1ª Vara do Júri da Capital, determinou que seria necessário mais um dia de audição para concluir sua decisão. O adiamento surgiu por conta de uma testemunha do acusado se abster do julgamento e ter viajado para São Paulo.
Pouco mais de 5 meses do acidente que matou três pessoas e deixou duas feridas na Zona Norte do Recife, João Victor Ribeiro de Oliveira Leal, de 25 anos, foi confrontado por seus atos perante o juiz no fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, na área central do Recife. A audiência teve início às 9h e se estendeu até às 18h, e contou com a participação do acusado, de testemunhas de acusação e defesa, além das alegações do Ministério Público de Pernambuco (MPPE).
O primeiro a prestar depoimento foi a vítima Miguel Arruda da Motta Silveira, de 46 anos, motorista do veículo atingido, que perdeu no acidente a esposa e o filho. Para não ter que encarar o réu, Miguel solicitou que durante seu depoimento João Victor não estivesse presente. "Toda fase desse processo vai ser um momento de sofrimento para Miguel", destacou o advogado da família Ademar Rigueira. Representando Miguel - que estava emocionalmente abalado -, com base nos depoimentos, o advogado ressaltou o histórico do réu e o colocou como contumaz em combinar volante e bebida.
“Eu estou aqui muito triste. Esse acontecimento que levou a minha filha. Eu quero a justiça, pelo menos de Deus, porque aqui da terra está muito difícil. Só quero que ele pague o preço na justiça por ter tirado essas vidas”, lamentou Severina da Conceição, mãe da babá Roseane Maria de Brito, 23 anos, uma das vítimas fatais do acidente. Ela saiu do município de Aliança, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, distante 84 km do Recife, só para acompanhar a audiência, e retornou lamentando a falta de um desfecho.
O depoimento mais aguardado era o do réu, que tinha possibilidade de depor após todas as testemunhas serem ouvidas, o que não aconteceu. Após o dia 21, quando ocorrerá a segunda parte do julgamento, as partes terão um prazo de dez dias para apresentar as alegações finais. A sentença decidirá se João Victor irá a júri popular ou não. Ele responde ao processo por triplo homicídio doloso (quando há intenção de matar) duplamente qualificado e por dupla tentativa de homicídio e aguarda a sentença no Centro de Observação Criminológica e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), onde está detido desde o dia do acidente, 26 de novembro de 2017.