Williane Geovana, 18 anos, comemoraria o seu primeiro dia das mães, ontem, em um almoço com seu filho de 11 meses e sua mãe. Mas a celebração em família nunca aconteceu. Na manhã deste domingo, Williane foi morta com dois tiros na cabeça pelo companheiro, identificado apenas como Felipe, que também tem 18 anos.
O crime aconteceu no Alto do Carroceiro, em Passarinho, na Zona Norte do Recife, onde o casal morava. Após receber dois disparos de arma de fogo na cabeça, a jovem teria sido atirada em uma ribanceira. Essa é uma das hipóteses trabalhadas pela Polícia Civil. O suspeito foi preso no mesmo bairro pela Polícia Militar, aparentando estar confuso. Ele confessou que atirou na jovem.
Vizinhos ouviram o som da discussão e dos tiros de madrugada. O corpo dela só foi encontrado em um matagal algumas horas depois.
O rosto estaria coberto por espinhos, segundo relatou uma amiga de Williane. “Ela era uma pessoa muito tranquila. Eu conversava com ela, sabia que ele a agredia de vez em quando. A discussão ocorreu de madrugada. De 8h vizinhos e familiares iniciaram as buscas pelo corpo”, afirma a mulher, que preferiu não se identificar.
O relacionamento de aproximadamente dois anos era marcado por agressões físicas e pelo medo. Uma parente da jovem afirma que Felipe ameaçava “acabar com tudo e com todas”, incluindo a mãe e a irmã de Williane. “Ele batia muito em Williane, cortava o cabelo dela, seu cabelo era grande, cacheado. Ele a torturava. No sábado (véspera do crime), Williane saiu para o parquinho com o filhinho, o pai e a irmã. Ele (o companheiro) disse que ela deveria voltar às 22h30 em ponto, mas ela só conseguiu chegar às 22h47. Ele já estava na porta, gritando ‘bora, passa’”, diz a familiar.
De acordo com a Polícia Civil, Felipe conseguiu a arma com um amigo traficante. Há suspeitas de que ele também estava envolvido com o tráfico de drogas. Em depoimento à polícia, confessou o crime e relatou que as discussões com Williane eram frequentes. A audiência de custódia aconteceu ontem, mas o JC não teve acesso ao resultado.
A violência encerrou os sonhos da jovem, que tinha acabado de completar 18 anos no último dia 9. A vida de Williane era voltada para o filho que completaria um ano no próximo dia 28.
O seu maior sonho era fazer a festa de aniversário do menino. “Já estavámos organizando tudo, procurando lugar para fazer a festa. Queria dar uma piscina de bolinhas para o filho”, afirma uma familiar da jovem.
Williane chegou a registrar queixa contra o agressor, mas continuou a sofrer ameaças. “Era uma relação conturbada. Ele dizia que se ela não fosse dele, não seria de mais ninguém”, complementa uma parente.