O advogado Giovanni Martinovich, que defende Jorge Beltrão Negromonte da Silveira, um dos integrantes do trio conhecido como ‘Canibais de Garanhuns’, pedirá que seu cliente vá para um hospital psiquiátrico. Isso porque, segundo explicou Martinovich, ele acredita que Jorge Beltrão será condenado e, com isso, dirá para o júri considerar seu cliente inimputável por ter esquizofrenia paranoide, uma doença sem cura.
O promotor do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), André Rabelo, responsável pela acusação, afirmou que laudos provam que, na verdade, quem tem a doença é o irmão de Jorge Beltrão. Assim, para a Promotoria, não há razão em transferir o acusado para um centro de tratamento psiquiátrico. "Na realidade, essa alegação dele não encontra amparo. Quem sofre de esquizofrenia paranoide é o irmão dele", afirmou o promotor.
Após ser remarcado, o julgamento do trio acontece nesta sexta-feira (14), no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, Ilha de Joana Bezerra, área central do Recife. Para o início dos trabalhos, já foram escolhidos os sete jurados — cinco homens e duas mulheres — para compor o Conselho de Sentença.
Para o julgamento, MPPE solicitou que o delegado Wesley Fernandes Oliveira, que investigou o caso em Garanhuns, fosse ouvido. Após essa oitiva, segue o interrogatório dos réus. Em seguida, haverá o debate entre o promotoria e os advogados de defesa. Cada um terá até duas horas e meia para expor seus argumentos. Depois, pode haver a réplica para o promotoria, que dura até duas horas, e a tréplica para a defesa, com a mesma duração. Ao fim, ocorre o julgamento pelo Conselho de Sentença.
Segundo as investigações, as vítimas, Alexandra da Silva Falcão, 20 anos, e Gisele Helena da Silva, 31 anos, foram atraídas pelo grupo com promessas de emprego e de “ouvir a Palavra de Deus”. De acordo com o inquérito, Jorge matou as mulheres com facadas no pescoço e os corpos de ambas as vítimas foram esquartejados com participação das outras duas acusadas. O trio teria usado parte da carne das vítimas para comer e rechear empadas, que eram comercializadas em Garanhuns.
O três acusados respondem pelo crime de duplo homicídio triplamente qualificado, além de ocultação e vilipêndio de cadáver e furto qualificado, pois o grupo teria roubado os pertences das duas vítimas. Bruna Cristina de Oliveira também vai ser julgada pelo uso do RG de Jéssica Camila da Silva Pereira. A identidade pertencia a outra vítima do trio, que foi morta no ano de 2008 quando o grupo ainda morava no bairro de Rio Doce, Olinda, no Grande Recife. A filha desta vítima foi adotada pelo trio.
Em relação a este crime, os três acusados foram julgados e condenados em 2014 por homicídio quadruplamente qualificado, além de vilipêndio e ocultação de cadáver, na 1ª Vara do Tribunal do Júri de Olinda. Jorge Beltrão foi condenado a pena de 21 anos e 6 meses de reclusão, mais 1 ano e 6 meses de detenção. Isabel Cristina foi condenada a 19 anos de reclusão e 1 ano de detenção. Já Bruna Cristina, a 19 anos de reclusão e 1 ano de detenção.