O proprietário da empresa têxtil investigada por importar lixo hospitalar trabalha há, pelo menos, 11 anos com a importação dos Estados Unidos de “tecidos de algodão com defeito”, mesma descrição da carga dos dois contêineres interceptados na semana passada, no Porto de Suape. Antes de ser dono da confecção Na Intimidade Ltda, Altair Teixeira de Moura era sócio da Forrozão dos Retalhos Ltda, situada em Santa Cruz do Capibaribe, no Agreste pernambucano. De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, do governo federal, a empresa importa até US$ 1 milhão por ano.
O site do ministério (www.mdic.gov.br) divulga as empresas que trabalham com importação desde 2001. No portal, para ver as atividades de quem recebeu mercadoria naquele ano, ao selecionar Estados Unidos no campo destinado ao país exportador, e Pernambuco na área reservada à unidade da Federação, é possível ver que a Forrozão dos Retalhos aparece na listagem. Ela é uma das 13.533 firmas brasileiras que importaram algum produto norte-americano.
PERÍCIA
Os 15 quilos de tecidos descartados por hospitais norte-americanos e apreendidos como amostra pela Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa) em galpões de uma fábrica têxtil em Toritama e Santa Cruz do Capibaribe, no Agreste pernambucano, serão encaminhados na manhã desta segunda (17), ao Instituto de Criminalística de Pernambuco para serem periciados. O objetivo é comprovar se as manchas encontradas nos tecidos são realmente de sangue e secreções humanas, como desconfiam os técnicos. Confirmada a identificação, a empresa Império do Forro de Bolso (cuja razão social é Na Intimidade Ltda) poderá ser multada em até R$ 1,5 milhão e ser interditada definitivamente por importar lixo hospitalar altamente infectante.