Hospital Dom Pedro II: um marco para o transplante cardíaco

Há um ano, o hospital, nos Coelhos, voltou a realizar esse tipo de procedimento. Em 2012, foi responsável por 66% das cirurgias ocorridas no Estado
Da editoria de Cidades
Publicado em 10/07/2013 às 8:01


O Hospital Pedro II, no bairro dos Coelhos, área central do Recife, voltou a realizar cirurgia cardíaca e transplante de coração há exatamente um ano. O centro de saúde ficou 30 anos sem executar esses procedimentos. Inaugurado em 1861 e hoje sob a gestão do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), a unidade comemora, este mês, o primeiro aniversário de sua volta ao setor. Também ressalta a importância do reforço que seus serviços tiveram para a medicina cardíaca pública. Dos 18 transplantes de coração feitos em 2012, em Pernambuco, 12 ocorreram no Pedro II, entre julho e dezembro, o que representa 66%.

O Pedro II foi um dos empreendimentos que possibilitaram a elevação do Recife à categoria de cidade, quando a capital pernambucana ainda era considerada uma vila. Nele, houve a primeira cirurgia cardíaca com circulação extracorpórea do Norte-Nordeste.

De 1946 a 1981, o Hospital das Clínicas da UFPE, hoje na Cidade Universitária, funcionou nas dependências do Pedro II. Com a mudança de endereço, o prédio foi desativado e ficou sendo utilizado parcialmente pela Diretoria Regional da Secretaria Estadual de Saúde. A última cirurgia cardíaca realizada na unidade antes do fechamento das portas foi um aneurisma de aorta, pelas mãos do então professor da UFPE Carlos Moraes.

Em agosto de 2010, após três anos de reforma, o prédio voltou a abrigar o Hospital Pedro II e a oferecer alguns dos serviços médicos de referência prestados nos séculos 19 e 20, como a radioterapia. Em junho do ano passado, a cirurgia teve o objetivo de trocar a válvula aórtica do paciente. O procedimento durou cerca de três horas e contou com uma equipe de cinco cirurgiões, sob a coordenação do mesmo Carlos Moraes, cirurgião cardíaco e atual presidente do Imip.

“De lá para cá, são realizadas cirurgias cardíacas diariamente aqui no hospital. Temos também o novo Centro Cirúrgico Luiz Tavares da Silva e uma central de transplantes que tem parceria com a Central de Transplantes de Pernambuco. Outro destaque é que, quando voltamos, em 2010, passamos a ter equipamentos de primeiro mundo e uma infraestrutura que só é possível ver em um ou dois hospitais particulares do Estado, que cobram caríssimo por esses procedimentos”, observa o experiente cirurgião. Aos 72 anos, Carlos Moraes garante que enquanto suas mãos estiverem firmes, continuará operando.

ORGANIZAÇÃO - O Imip é uma organização da sociedade civil de interesse público (Oscip) e o atendimento prestado à população pelas unidades hospitalares a ele vinculadas é feito completamente por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). “Desde 2006, quando o Imip deixou de ser um complexo hospitalar exclusivamente infantil, fazemos cirurgias cardíacas. A estrutura, no entanto, não era nada perto da oferecida desde o ano passado com a reabertura do Hospital Pedro II. Os pacientes foram, então, ‘levados de volta ao futuro’, porque o prédio é antigo, mas os equipamentos são de última geração e dobraram ou mais que dobraram o número de procedimentos cardíacos no Estado”, afirmou Fernando Augusto Figueira, também cirurgião cardíaco e filho do fundador do Imip. Além do Pedro II, apenas o Real Hospital Português (privado) e o Pronto-socorro Cardiológico de Pernambuco, vinculado à Universidade de Pernambuco (UPE), atendem pacientes cardíacos pelo SUS. O Procape não realiza transplantes, apenas cirurgias.

Uma das últimas operações cardíacas realizadas no Centro Cirúrgico Luiz Tavares da Silva foi uma ponte de safena do porteiro Paulo dos Santos Oliveira, 74. Socorrido e internado após infarto, ele foi submetido à cirurgia, executada por Fernando Augusto, no dia 25 de junho e recebeu alta no último dia 3. “A sensação é de ter um coração novo. A cirurgia foi um sucesso e estou pronto para voltar à vida normal. Não me faltou nada aqui, de exames a comida. Nunca pensei que seria tão bem tratado sem pagar nada por isso.”

TAGS
Hospital dom Pedro II cirurgia cardiáca
Veja também
últimas
Mais Lidas
Webstory