No Recife, o número de pessoas com sintomas de dengue nas primeiras 16 semanas deste ano praticamente duplicou, em comparação a todo o ano de 2014, quando foram notificados 3.745 casos. Até o último dia 25, foi verificado um salto grande: 6.652 pessoas com suspeitas da doença. Os casos confirmados seguem o mesmo cenário: 1.052 em todo o ano de 2014, contra 2.234 nas primeiras 16 semanas deste ano. O bairro da Cohab, Zona Sul da cidade, concentra o maior volume de notificações até agora, com 422 pessoas que apresentaram sintomas de dengue. Em seguida, vêm o Ibura (309), também na Zona Sul, e Casa Amarela (285), na Zona Norte.
“A situação preocupa porque o número de casos notificados está acima do limite máximo esperado para este ano”, diz a secretária-executiva interina de Vigilância à Saúde do Recife, Denise Oliveira. Segundo boletim epidemiológico da capital, a marca aceitável para as 15 primeiras semanas deste ano é de até 1.041 casos notificados. O número atual é quase sete vezes maior.
“Continuaremos a trabalhar com plantões de combate aos focos de dengue para frear a epidemia”, diz a secretária-executiva interina de Vigilância à Saúde do Recife, Denise Oliveira. Ela avalia que essa inflação diagnóstica da doença ainda é subnotificada, já que muitas pessoas com quadro clínico suspeito de dengue foram consideradas pacientes com virose.
“Consequentemente, esses casos não foram notificados. Por isso, acredita-se que o volume de pessoas com suspeita de dengue é maior do que existe em registro”, acrescenta Denise. Para controlar a investigação dos casos atípicos da doença, a Secretaria Estadual de Saúde recomendou, na última semana, que os pacientes que chegarem às unidades de saúde com manchas avermelhadas na pele (acompanhadas ou não de febre e outros sintomas) deverão ser notificados como casos suspeitos de dengue, assim como aquelas pessoas com sinais clássicos.
Febre baixa, manchas vermelhas no corpo, inchaço nas articulações de mãos e pés e fraqueza são os sintomas mais comuns nessa epidemia. Quem apresenta quadro desse tipo deve ir a uma unidade básica de saúde para que seja iniciado o tratamento, com o objetivo de evitar complicações decorrentes da doença. A notificação do caso é obrigatória nos serviços de saúde e ajuda a orientar as ações de campo, a fim de evitar que novos casos ocorram.
O trabalho da Vigilância Ambiental da Secretaria de Saúde do Recife resultou, no último fim de semana, na inspeção de 3.915 imóveis em todos os distritos sanitários da cidade. De março até agora, os agentes de saúde ambiental e controle de endemias já visitaram mais de 32 mil residências durante os mutirões.
Inicialmente, os mutirões de fim de semana estavam previstos para terminar no fim de março. “Como a epidemia permanece, os plantões continuam em maio. As ações são focadas na prevenção e eliminação dos focos de reprodução do mosquito”, diz o gerente de Vigilância Ambiental do Recife, Jurandir Almeida. São realizados tratamento focal onde há larvas do mosquito, bloqueio químico em áreas com alta infestação de mosquitos e busca pelos casos de dengue.