Contrariando recomendação do Ministério da Saúde, o governo do Estado de São Paulo não está notificando casos suspeitos de microcefalia associados ao zika mesmo recebendo, por parte de algumas prefeituras, notificações de nascimentos de bebês com essa má-formação.
Como revelou a reportagem na terça-feira (8), pelo menos cinco municípios paulistas investigam 18 casos suspeitos da má-formação. São dez casos em Campinas, quatro em São Paulo, dois em Santo André, um em Guarulhos e um em Olímpia.
Embora em quase todos os casos os bebês tenham tido material colhido e enviado para exames no Instituto Adolfo Lutz, laboratório de referência do Estado, esses casos não entraram nas mais recentes estatísticas apresentadas pelo Ministério da Saúde. Segundo o boletim epidemiológico divulgado na terça-feira, São Paulo não tem nenhum registro suspeito.
Desde o dia 17 de novembro, o ministério recomenda que os gestores e profissionais de saúde notifiquem imediatamente qualquer caso suspeito de microcefalia relacionado ao zika vírus. A orientação foi reforçada ontem, com a publicação do protocolo de vigilância e resposta à ocorrência de microcefalia relacionada à infecção pelo vírus zika.
Em entrevista na segunda-feira (7), o secretário estadual da Saúde, David Uip, afirmou que a pasta só divulgaria casos confirmados do problema e não informou quantos registros estão em investigação pelo Estado.
Para Artur Timerman, presidente da Sociedade Brasileira de Dengue e Arboviroses, é "absurdo" não notificar os casos suspeitos porque, como ainda não existe um teste de sorologia para o zika vírus, a confirmação pode levar semanas. "Essa postura da secretaria é irresponsável. É um conceito na saúde pública a necessidade de ter dados padronizados de todo o Brasil para conhecermos a real dimensão da situação", diz.
A Secretaria da Saúde informou que repassará aos municípios paulistas a recomendação federal divulgada no novo protocolo, "comunicando ao ministério todas as suspeitas".
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.