Pernambuco tem carência de neuropediatras, indispensáveis para acompanhar bebês com microcefalia

Profissionais são de grande importância para diagnóstico e tratamento da anomalia e de outras doenças raras
Cinthya Leite
Publicado em 05/03/2016 às 9:42
Profissionais são de grande importância para diagnóstico e tratamento da anomalia e de outras doenças raras Foto: Guga Matos/JC Imagem


Com o avanço dos casos de microcefalia, os neuropediatras assumem papel fundamental para atender os bebês com a malformação, fechar diagnósticos, fazer acompanhamento e direcionar essas crianças para atividades de reabilitação capazes de promover a estimulação no menor tempo possível. Um detalhe é que são pouquíssimos neuropediatras para a missão de, só no Estado, acompanhar até agora 215 bebês com diagnóstico confirmado, além de outros 1.202 casos em investigação. São apenas sete médicos dessa especialidade cadastrados no Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), mas se sabe que há outros poucos que precisam se registrar na instituição.

“Trabalhando em Pernambuco, acredito que não tem nem 15 neuropediatras, uma especialidade que talvez seja a mais escassa que se tem no Brasil”, reconhece o secretário estadual de Saúde, Iran Costa. Dos 209 médicos convocados oficialmente na quinta-feira (3) para fortalecer atendimentos a pacientes com microcefalia e arboviroses (dengue, chicungunha e zika), só dois são neuropediatras. “Eram os que havia para ser chamados. Se houvesse vários, teria chamado todos. Eles são fundamentais para atender os bebês com microcefalia, mas pediatras e neurologistas também têm condições de fazer o acompanhamento”, justifica o secretário. 

O Conselho Federal de Medicina (CFM) não informa quantos neuropediatras estão espalhados pelo Brasil, pois os números são divulgados por especialidade médica. E para o CFM, neuropediatria é uma área de atuação dentro da pediatria e da neurologia. No site da Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil, estão listados 164 médicos desse segmento no País – destes, quatro em Pernambuco. 

“O neuropediatra é quem trabalha com doenças em que há o comprometimento cerebral. Ele é importante para fazer o diagnóstico da microcefalia, principalmente neste momento em que não há um teste laboratorial para confirmar 100% a causa da malformação. Também são profissionais importantes para o acompanhamento dessas crianças, que terão sequelas relacionadas a complicações neurológicas”, diz a neuropediatra Vanessa Van Der Linden, do Hospital Barão de Lucena (HBL).

No Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), são duas neuropediatras para atender os bebês com microcefalia. “Elas fazem encaixes, trabalham em esquema de mutirão e na hora do almoço. Com o avanço da microcefalia, veio um acúmulo da demanda reprimida na neuropediatria, que também atende outros quadros neurológicos”, informa a chefe do Setor de Infectologia Pediátrica do Huoc, Ângela Rocha. 

O hospital, ligado à Universidade de Pernambuco (UPE), é a única instituição no Estado que oferece residência médica em neurologia pediátrica. Os dois primeiros residentes foram formados no ano passado.

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