Operation Walk realiza cirurgias gratuitas no Hospital Dom Helder

Serão beneficiados pacientes que esperam, há anos, por uma cirurgia para corrigir articulação do quadril
Cinthya Leite
Publicado em 21/01/2017 às 6:59
Serão beneficiados pacientes que esperam, há anos, por uma cirurgia para corrigir articulação do quadril Foto: Ricardo B. Labastier


A técnica de enfermagem Daniele Dantas, 35 anos, tem alimentado quatro sonhos: andar de bicicleta, correr, sentar sem sentir incômodo e terminar de criar os filhos. As dores que sentem nos quadris e na coluna, decorrentes de uma queda aos 15 anos, transformaram-se num obstáculo que compromete a qualidade de vida. A boa notícia é que, após 20 anos à espera de uma artroplastia de quadril (cirurgia que substitui a cartilagem e os ossos afetados por uma articulação artificial, chamada de prótese), Daniele está prestes a ser operada e, dessa maneira, dar os primeiros passos para alcançar seus sonhos. 

Ela e outras 39 pessoas foram selecionadas para o mutirão de cirurgias gratuitas que começa amanhã no Hospital Dom Helder Camara, no Cabo de Santo Agostinho, Grande Recife. A mobilização será possível graças à vinda de 53 profissionais (cirurgiões, fisioterapeutas, anestesistas e enfermeiros) da Operation Walk Chicago – organização internacional que oferece serviços voluntários a pacientes de países em desenvolvimento que precisam corrigir a articulação. 

É a primeira vez que o grupo vem ao Brasil. “Há demanda das próteses entre os pacientes do Sistema Único de Saúde. São caras e nem sempre a rede consegue atender os pacientes. Assim, vem a demanda reprimida. Foi com base nessa lista de espera que selecionamos as pessoas a ser operadas”, informa o diretor médico do Hospital Dom Helder Camara, Júlio Arraes. 

A auxiliar de cozinha Iara Cordeiro, 39, passará pela cirurgia na próxima semana. Ela conta que começou a ter problema no quadril porque desenvolveu artrite e artrose. “Há seis anos, estou nessa luta. Sinto dores e dormência. Não cruzo as pernas nem sento direito. E preciso voltar a trabalhar. Então, a cirurgia vem numa boa hora”, vibra.

O mutirão será realizado ao longo de cinco dias – período em que 40 pessoas serão submetidas à artroplastia de quadril. Foram selecionadas aquelas que, apesar das limitações físicas, apresentam um bom estado de saúde. “O paciente tem que estar bem para suportar a cirurgia e ser reabilitado. Não é um procedimento fácil. A cabeça do fêmur é retirada, e a bacia é raspada. Em ortopedia, não tem cirurgia mais complexa do que essa, exceto as de coluna”, explica Júlio. 

SELEÇÃO

Foram incluídas no mutirão as pessoas sem plano de saúde e que não têm condições de pagar a cirurgia por conta própria. Só a prótese custa entre R$ 30 mil e R$ 50 mil. Elas foram doadas pela Stryker, empresa norte-americana parceira da Operation Walk em todas as missões ao redor do mundo. “Se consideramos todos os pacientes dessa missão, o investimento seria em torno de R$ 4 milhões, incluindo as próteses e a mão de obra dos médicos”, frisa o empreendedor Marcos Roberto Dubeux, que recebeu indicação cirúrgica para um problema no joelho há cerca de dois anos. 

Por indicações, ele chegou a um profissional que participa da missão. Desde então, Marcos se mobiliza para trazer o mutirão ao Estado. No segundo semestre, a missão continua e beneficiará pacientes que precisam se submeter à artroplastia de joelho. 

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