Fiocruz-PE busca mais voluntários para testes da vacina contra dengue

Depois do Engenho do Meio, instituto recrutará a partir desta quarta voluntários interessados no bairro da Várzea, Zona Oeste do Recife
Malu Silveira
Publicado em 04/07/2017 às 8:54
Depois do Engenho do Meio, instituto recrutará a partir desta quarta voluntários interessados no bairro da Várzea, Zona Oeste do Recife Foto: Foto: Ricardo B. Labastier / Acervo JC Imagem


A Fiocruz Pernambuco, instituição que coordena os testes no Estado da primeira vacina brasileira contra a dengue, começará nesta quarta-feira (5) a recrutar mais voluntários para participarem da terceira fase do projeto, para comprovar a eficácia da imunização. Desta vez, a mobilização em busca de pessoas interessadas será no bairro da Várzea, na Zona Oeste do Recife. O foco será em crianças e adolescentes com idade entre 2 e 17 anos.

Desenvolvida pelo Instituto Butantan, localizado na cidade de São Paulo (SP) e principal produtor de imunobiológicos do País, a vacina já foi testada em cerca de 600 pessoas, todas recrutadas no bairro do Engenho do Meio, também na Zona Oeste da capital. A meta é terminar a participação de Pernambuco com 1.200 voluntários vacinados. “Até agora, todos os estudos indicam que a vacina é eficaz e protege contra os quatro sorotipos da dengue, principalmente as formas graves da doença. Se a vacina for expandida para toda a população, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), teremos um impacto muito grande na redução da mortalidade e no número de internações por dengue. O benefício será enorme”, defende a pediatra e pesquisadora da Fiocruz Cynthia Braga, uma das responsáveis pelo recrutamento de voluntários.

A primeira ação no bairro da Várzea será realizada, a partir das 14h, no salão paroquial da Igreja Nossa Senhora do Rosário. Pessoas atendidas na Unidade de Saúde da Família (USF) Campo do Banco serão as primeiras da comunidade a receberem informações sobre os testes. A ideia é que a equipe de enfermeiros da Fiocruz percorra a região convidando os moradores a se inscrever na pesquisa. “Precisamos vacinar e seguir os voluntários por cinco anos. No primeiro mês após a aplicação da vacina, eles são acompanhados bem de perto. Depois realizamos avaliações periódicas. Por isso, escolhemos localidades no entorno da Fiocruz para facilitar a mobilidade das pessoas interessadas em participar dos testes”, explica a pesquisadora.

Os participantes devem ter entre 2 e 59 anos. A Fiocruz tem até novembro deste ano para chegar a 800 voluntários entre 7 e 59 anos. Entre crianças de 2 a 7 anos, a meta é chegar a 400 voluntários inscritos até fevereiro de 2018. “Nesta fase, estamos priorizando jovens e crianças. Já estamos perto de alcançar a meta de voluntários adultos”, pontua a médica.

Etapas

Os interessados passam por entrevista e exames físicos na própria Fiocruz para verificar se estão aptos. Essa etapa de testes clínicos deve atingir cerca de 17 mil pessoas no Brasil, recrutadas por 14 instituições de pesquisa espalhadas pelas cinco regiões do País. Para comprovar a eficácia do imunizante, produzido a partir do vírus vivo enfraquecido, 2/3 dos participantes recebem a vacina de fato, enquanto 1/3, placebo, uma substância com as mesmas características da vacina, mas sem efeito no organismo. Dessa forma, será possível identificar se quem tomou a vacina ficou protegido e quem tomou o placebo contraiu (ou não) a doença.

Nas duas primeiras fases das testagens, a vacina foi aplicada em 900 pessoas. Seiscentos voluntários foram submetidos aos testes nos Institutos Nacionais de Saúde (NHI), nos Estados Unidos. Os outros 300 participantes foram vacinados na cidade de São Paulo, em uma parceria entre a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), através do Hospital das Clínicas e do Instituto da Criança, e o Instituto Adolfo Lutz.

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