Segunda morte por dengue é registrada em Pernambuco em 2017

Óbito ocorreu no município de Itapissuma, Região Metropolitana do Recife, no fim de outubro
Cinthya Leite
Publicado em 16/11/2017 às 8:02
Óbito ocorreu no município de Itapissuma, Região Metropolitana do Recife, no fim de outubro Foto: Foto: JC Imagem/Arquivo


O ano vai chegando ao fim e, em Pernambuco, dos 104 óbitos notificados por arboviroses (suspeitos de ter sido causados por dengue, chicungunha e/ou zika), cerca de 60% permanecem sob investigação. Do total, 40 mortes foram descartadas por não terem relação com os arbovírus, e duas tiveram diagnóstico laboratorial positivo para dengue – uma é do Recife, tinha 67 anos e foi confirmada em maio; a outra, de Itapissuma (Grande Recife), aparece no boletim epidemiológico do fim de outubro da Secretaria Estadual de Saúde, sem mais detalhes. A demora na avaliação, segundo a pasta, deve-se às minúcias da investigação domiciliar e hospitalar dos óbitos.

Professor da UFPE e membro do Comitê de Arboviroses do Ministério da Saúde, o clínico-geral Carlos Brito ressalta que a análise inclui busca complexa de dados nos prontuários das unidades de saúde e de informações com as famílias. “Isso é delicado porque pode prejudicar a elaboração de estratégias futuras durante a ocorrência de novas epidemias.

O ideal é ter informações precisas sobre casos e óbitos porque ajuda a compreender o que contribuiu para doenças e mortes”, esclarece.

Apesar de este ano as notificações de óbitos por arboviroses terem reduzido pouco mais de 70% (em relação a 2016, com 400 mortes suspeitas), o volume de registros é considerado alto, em comparação a anos que antecederam a entrada dos vírus chicungunha e zika no Estado, antes de 2015. “Para 2017, que permanece sem epidemias por arbovírus, 104 óbitos notificados representam muita coisa.

Será que chicungunha tem marcador para maior letalidade?”, questiona Carlos Brito sobre a possibilidade de a circulação do vírus (iniciada em agosto de 2015) ter contribuído para um número não esperado de mortes num período sem grande epidemia.

Casos

Mesmo sem surto, o Estado já contabiliza 14.574 pessoas com sintomas de dengue este ano, com 4.423 confirmações até o dia 4 deste mês. Em relação à chicungunha, são 4.331 suspeitas (1.197 confirmadas). Zika permanece sem confirmações e com 375 casos em investigação. As notificações suspeitas (das três arboviroses) chega a 19.595 casos.

O cenário que mais se aproxima ao deste ano é o de 2014, com 20.247 casos suspeitos. Havia apenas a circulação da dengue naquele ano, que precedeu a confirmação dos primeiros casos de zika e chicungunha, em junho e setembro de 2015, respectivamente.

Segundo Carlos Brito, o retrato apresentado no penúltimo Levantamento Rápido do Índice de Infestação pelo Aedes aegypti (LIRAa) revelou que, dos 184 municípios pernambucanos, 156 estão em situação de alerta ou risco de surto de dengue, chicungunha ou zika.

Isso aumenta a possibilidade do surgimento de mosquitos e, consequentemente, facilita a transmissão das enfermidades. Só 27 cidades estão em condição satisfatória e uma delas (Tracunhaém, na Zona da Mata) não informou como se encontra em relação ao controle do Aedes.

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