Seis crianças internadas na enfermaria pediátrica do Hospital Barão de Lucena (HBL) estão com a bactéria multirresistente KPC (sigla para Klebsiella pneumoniae carbapenemase), que faz parte de um grupo de microrganismos imunes a múltiplos antibióticos e, por isso, pode ameaçar pacientes em unidades de saúde, inclusive aqueles cujo tratamento exige uso de cateter intravenoso. A KPC, que já circulou pelo HBL em 2014, faz parte das várias espécies do gênero Enterobacteriaceae incluídas na primeira das três categorias de urgência definidas por lista da Organização Mundial da Saúde (OMS). A relação inclui bactérias que são resistentes a antibióticos e que, segundo a agência da Organização das Nações Unidas (ONU), devem ser prioridade em pesquisas por novos remédios contra micróbios.
A família da qual a KPC faz parte é agressiva a ponto de causar infecções da corrente sanguínea e pneumonia. Segundo a OMS, bactérias como ela se tornaram resistentes a um grande número de medicações, incluindo carbapenemas e cefalosporinas de terceira geração – os melhores antibióticos disponíveis para tratamento de bactérias multirresistentes.
“Todas (as crianças que tiveram resultado positivo para a bactéria no HBL) já estão sendo devidamente tratadas com uso de antibiótico. A unidade está realizando exame, como medida de precaução, em outros pacientes internados para saber se também estão colonizados. Os contatos (como parentes que convivem com o paciente) dessas crianças também passam por investigação”, informa a direção do Hospital Barão de Lucena (HBL), por meio de nota da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) divulgada pela Secretaria Estadual de Saúde (SES).
Uma denúncia feita ontem, por um leitor, à reportagem do JC revelou que a presença da KPC no hospital pode (também) ter sido provocada pela carência de insumos na unidade de saúde, o que impede de colocar em prática cuidados básicos, como o uso de produtos hospitalares que servem de proteção para pacientes e profissionais. “Há escassez, por exemplo, de capotes (vestimenta usada para realização de procedimentos hospitalares) e até de álcool em gel para os médicos. Outro detalhe é que esses pacientes não estão isolados.”
Esse cenário preocupa porque é um terreno fértil para a proliferação de bactérias multirresistentes nos hospitais. A SES garante, no entanto, que “está sendo realizado o isolamento de contato, como é recomendado pela Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária. A direção ainda esclarece que possui capote”.
A secretaria também informa que a CCIH realiza todas as medidas necessárias para evitar novas contaminações, como o reforço das técnicas de higienização, a lavagem constante das mãos, a desinfecção e a orientação aos profissionais da unidade. “A direção reforça que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária não recomenda, como medida de controle de microrganismos multirresistentes, a interrupção da assistência em serviços de saúde.” A unidade ainda garante que são tomadas todas as medidas de prevenção e controle da situação.