Uma em quatro pessoas, em todo o mundo, morre em decorrência de complicações da trombose, problema caracterizado pela formação ou desenvolvimento de um coágulo sanguíneo que atinge as veias (vasos sanguíneos que levam o sangue de volta ao coração), causa inflamação na parede do vaso e atrapalha a circulação – condição conhecida como trombose venosa profunda (TVP). O problema é mais frequente nas pernas e geralmente dá sinais, como inchaço e dor no local afetado. Segundo a Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), em aproximadamente 90% dos casos, as veias dos membros inferiores são comumente as mais acometidas. A trombose chamou a atenção da população recentemente, logo após o deputado federal eleito Túlio Gadêlha (PDT) ter se internado, em um hospital particular no Recife, com o problema. Ele teve alta na última sexta-feira (30).
A estimativa da entidade é de que cerca de 180 mil novos casos de TVP surjam no Brasil a cada ano – praticamente o triplo da incidência do câncer de mama no País. O perigo mesmo é quando o coágulo sanguíneo se desprende da veia, segue o trajeto da circulação sanguínea e se aloja no pulmão, obstruindo uma artéria. Nesses casos, chamados de embolia pulmonar, o quadro de saúde se complica bastante e pode ser fatal. Entre os sintomas, estão falta de ar, dor no peito, respiração rápida e aumento da frequência cardíaca.
Para evitar as situações que colocam a vida em risco, especialistas orientam procurar atendimento em emergência médica diante de dor, inchaço e aumento da temperatura do local atingido (especialmente as pernas) . “Se não diagnosticada e tratada precocemente, o risco de a trombose evoluir para uma embolia pulmonar aumenta”, diz a médica hematologista Bruna Rosa Viana, da Fundação de Hematologia e Hemoterapia de Pernambuco (Hemope).
A hematologista acrescenta que vários são os fatores associados ao desenvolvimento de trombose. Entre eles, está a imobilização prolongada por causa de traumas provocados por acidentes e a inatividade de pessoas que passaram por cirurgias e ficaram paradas por muito tempo devido à hospitalização ou ao processo de recuperação. “Além disso, viagens de avião com mais de seis horas, contracepção hormonal à base de estrógeno, o período da gestação e os primeiros 45 dias após o parto podem aumentar o risco de aparecimento de trombose em alguns casos”, explica Bruna Rosa. Ela frisa que esses fatores podem ser somados a hábitos pouco saudáveis, elevando ainda mais a chance do problema se manifestar. O tabagismo e a obesidade estão nessa lista, pois são condições capazes de aumentar a viscosidade do sangue e de favorecer o surgimento dos trombos.
“Também é preciso ficarmos atentos a alterações genéticas que predispõem o surgimento de trombose. Pessoas abaixo dos 50 anos, principalmente aquelas que apresentam o problema de forma espontânea, devem passar por exames para investigação de trombofilia (condição que leva a uma maior tendência à trombose). Quando sabemos que um paciente tem trombofilia, recomendamos cuidados em situações especiais para evitar complicações”, salienta Bruna.
Entre as precauções, está o uso de meias elásticas de compressão e de anticoagulante em doses capazes de auxiliar na prevenção da trombose. O tratamento, cujo principal objetivo é evitar a embolia pulmonar, é medicamentoso. Pode ser feito com comprimidos ou injeções subcutâneas de anticoagulantes, capazes de diminuir a viscosidade do sangue e de dissolver o coágulo.