Funcionários do Hospital Getúlio Vargas estão apreensivos após a madrugada de susto da última sexta-feira (29), provocada por um estalo na edificação da unidade de saúde. Na ocasião, uma equipe estava realizando uma cirurgia neurológica quando o piso da sala de cirurgia tremeu e houve o barulho. Ao término do procedimento, os pacientes do centro cirúrgico e da recuperação foram transferidos para outros setores. Neste sábado (30), os relatos eram de apreensão por parte dos funcionários.
“Em 26 anos que estou aqui, já vi vários técnicos de universidade e especialistas fazendo estudos. Mesmo assim, as rachaduras começaram na antiga cozinha do hospital, janelas e esquadrias ficando pro lado, piso afundando nas escadas, vidros quebrados. Até então, a gente confiava nos laudos que o governo diz pegar com técnicos e engenheiros. Do ano passado pra cá, o Governo começou a colocar escoras e a interditar mais setores no hospital e agora veio esse episódio do estalo”, relata uma funcionária do hospital, sem se identificar.
Ainda de acordo com a profissional, mesmo com os episódios recentes de instabilidade na infraestrutura, os funcionários têm demonstrado ao paciente um semblante de tranquilidade. “A gente vem trabalhar, mas a gente sabe o que ocorreu nos prédios que desabaram pelo Brasil afora. A direção não nos dá nenhuma segurança, nem a Secretaria de Saúde. Saímos de casa para trabalhar para morrer? Isso está sendo psicologicamente terrível”, enfatiza.
Ainda segundo os funcionários, na área interna da unidade de saúde é possível ver diversas rachaduras e buracos no teto. “Trabalhamos com medo porque já desocuparam um lado desde a noite que abalou. As autoridades estão omissas. Será tomada uma providência após uma tragédia?”, questiona outro funcionário do Getúlio Vargas.
Por causa da interdição feita pela Defesa Civil, cirurgias tiveram que ser canceladas. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, dos quatro andares do hospital, dois estão interditados. Os pacientes foram transferidos do centro cirúrgico e da sala de recuperação para os setores de trauma e para a enfermaria. Ainda segundo profissionais, os leitos de UTI estão lotados e os problemas na estrutura do prédio vêm acontecendo há bastante tempo.
Entre os parentes dos pacientes que estão internados no hospital, o medo também é o sentimento mais presente. Além disso, eles reclamam da ausência de informações por parte da diretoria. “A gente não sabe qual o risco do que está acontecendo. Minha esposa tem diabetes e pressão alta e mal consegue dormir à noite, principalmente agora com essa situação. Quando tem alguma zoada, é uma correria”, reclama, de forma anônima, um parente de uma paciente.
A Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) informa que a emergência, enfermarias e a maior parte do bloco cirúrgico e do ambulatório do Hospital Getúlio Vargas (HGV) estão funcionando normalmente. Após funcionários e pacientes relatarem ouvir um estalo no prédio, a Defesa Civil de Pernambuco (Codecipe) realizou, na manhã desta sexta-feira (29/11), uma vistoria na unidade de saúde. Após detalhada avaliação por parte da equipe de engenharia constatou-se que não há quaisquer indícios de risco eminente na estrutura e, como forma de prevenção, o órgão isolou preventivamente o Bloco G3 do HGV, setor que engloba apenas 4, das 14 salas do Bloco Cirúrgico, o setor de laboratório da unidade e 8 consultórios dos 28, do ambulatório da unidade.
Além do isolamento preventivo e provisório, a equipe de Engenharia da Defesa Civil do Estado recomendou o escoramento dos pilares existentes entre a junta de dilatação do bloco G3 e o reforço na estrutura do pilar que já se encontrava escorado. Serviços que serão realizados pela Secretaria Estadual de Saúde a partir da próxima segunda-feira.
Para minimizar os transtornos aos pacientes, acompanhantes e funcionários, a direção do HGV já está realizando o remanejamento do laboratório para novo local. Além disso, as cerca de sete cirurgias eletivas diárias, que são realizadas nas 4 salas isoladas, serão remanejadas para as salas em funcionamento. Já nos consultórios ambulatoriais interditados, que realizam uma média de 2,2 mil atendimentos por mês, as consultas serão reagendadas para outras áreas do hospital. Todas as consultas e cirurgias eletivas não realizadas nesta sexta-feira serão remarcadas.
Por fim, a Secretaria Estadual de Saúde esclarece que monitora permanentemente, por meio de contrato com empresa de engenharia, a estrutura do prédio do HGV e todos os laudos apresentados, até o momento, atestam a segurança da estrutura para funcionários, pacientes e acompanhantes na unidade de saúde.