Quando as luzes dos teatros se acendem é que surge a realidade dos equipamentos públicos do Recife. Enquanto no palco artistas entretem e encantam o público com encenações e coreografias; à luz do dia e do lado de fora os problemas estruturais se revelam, como reflexo claro de uma gestão pública que parece ter se esquecido das artes cênicas.
Há quase dois anos o Teatro do Parque, no Centro do Recife, foi interditado para manutenções, mas não voltou a reabrir. Em matéria publicada no JC, em 4 de novembro de 2011, era cobrada à prefeitura alguma posição sobre o Parque. Segundo o texto, o teatro foi fechado para requalificação e melhoria dos sistemas de segurança, hidráulico, elétrico e de refrigeração, além de remodelação da área externa, modernização dos camarins e sala de ensaio da Banda Sinfônica e reformas da caixa cênica, hall de entrada e das áreas reservadas para projeção de cinema.
Em entrevista, na época, o então diretor de gestão de equipamentos da Fundação de Cultura da Cidade Recife (FCCR), Fábio Cavalcante, afirmou que até o final do primeiro semestre deste ano o teatro seria reentregue à população. Hoje, já no segundo semestre, a situação são calçadas esburacadas, portão enferrujado, fachada desbotada, uma cratera na entrada principal e pior: cortinas fechadas e luzes apagadas no belo casario erguido há 97 anos pelo comerciante português Bento de Aguiar. “Eu já não tenho mais esperança que o Teatro do Parque volte a funcionar”, desabafar o ator e pesquisador Leidson Ferraz.
Eu já não tenho mais esperança que o Teatro do Parque volte a funcionar
Leidson Ferraz, ator e pesquisador.
No centro Apolo-Hermilo a situação também é complicada. Entre a classe artística, os teatros são considerados os “patinhos feios” dos equipamentos. Do lado de fora dos prédios, as fachadas têm rachaduras, falta pintura e a sinalização é ruim. Na porta do Hermilo há uma parada de ônibus que dificulta a visualização do teatro e o acesso. Dentro, os espaços estão sem lâmpadas, os camarins mofados e cadeiras rasgadas. Em ambos, só há três refletores cênicos. Além disso, o número de funcionários para atender à demanda é pouco.
O produtor Pedro Portugal, responsável pelo Festival Estudantil de Teatro e Dança, que encerra sua 10ª edição neste fim de semana, precisou, por exemplo, alugar equipamentos de luz para se apresentar no Apolo. “O teatro precisa ter uma licitação. Faz tempo que não tem estrutura de luz. Paguei R$ 3,5 mil de aluguel de iluminação. Até extensão elétrica alugamos”, diz o produtor. Foram problemas como este que levaram também o ator João Lima, do espetáculo Ilusionistas, a organizar, na semana passada, um encontro com artistas, produtores e diretores para discutir a situação do Apolo-Hermilo.
Os problemas do Teatro Barreto Júnior, no Pina, são parecidos. “Faltam equipamentos, lâmpadas e refletores. Falta uma fachada, um painel luminoso – já que o teatro ficou um pouco escondido com a mudança do trânsito local”, diz Samuel Santos, diretor de A terra dos Meninos Pelado, em cartaz no local.
Leia a matéria completa no Jornal do Commercio deste domingo (26).