Bibi Ferreira ainda é uma garotinha

Dama do teatro brasileiro apresentou no cinema seu "Bibi - histórias e canções", na última quinta-feira (4)
Mateus Araújo
Publicado em 06/10/2012 às 6:28
Dama do teatro brasileiro apresentou no cinema seu "Bibi - histórias e canções", na última quinta-feira (4) Foto: Divulgação


As mãos de Bibi Ferreira erguem-se para agradecer aos aplausos que surgem no primeiro instante em que ela pisa no palco, no seu Bibi – Histórias e canções. O espetáculo em cartaz em São Paulo foi transmitido para mais de 20 salas de cinemas do Brasil, na última quinta (4) – uma delas, no Recife.

Como trilha sonora, uma orquestra guia a diva ao som de Malandragem, executada instrumentalmente. A letra, conhecida na voz de Cássia Eller, suscita do inconsciente de quem assiste àquela cena. Aos 90 anos, a dama do teatro brasileiro ainda é, sim, uma garotinha, e pouco importam os sinais da idade.

Em aproximadamente uma hora de apresentação, a atriz, entre bem-humorados relatos de sua vida, entoa canções que marcam sua trajetória de 71 anos nos palcos. Um erguer delicado da mão marca a ordem ao maestro. Alguém grita da plateia do teatro algo como “linda, maravilhosa”. “A beleza está nos olhos de quem vê”, responde Bibi, em tom cômico, e logo em seguida dá início ao seu show.

Do encontro arrebatador com o universo hollywoodiano, ainda aos 13, 14 anos, ela resgata Uma cascata tradução para By a waterfal, do filme Footlight parade (1933). Daí segue lembrando e cantando os musicais que já fez e daqueles que ainda vai fazer. “A esperança é a última que morre”, brinca.

O passeio musical pela história da filha do ator Procópio Ferreira com a bailarina argentina Aída Izquierdo ainda resgata canções de Elizeth Cardoso, e traz números inéditos, interpretações de canções brasileiras de compositores como Noel Rosa, Tom Jobim, Vinícius de Moraes, e brincadeiras com óperas clássicas e textos nacionais. “Meu pai, Procópio, adorava ópera”, lembra a atriz. “Ele tinha mania de grandeza.” No show, ela coloca na ópera Fausto, de Charles Gounod, a letra de Maracangalha, de Dorival Caymmi, por exemplo.

De repente, da alegria do samba faz-se a tensão do drama. Bibi fecha as mãos e, com toda dramaticidade que só ela tem, interpreta parte do segundo ato de Gota d’água, de Chico Buarque, montada por ela, em 1975. Em seguida, relembra sucessos da francesa Edith Piaf. Enfim, mais uma vez, as mãos de Bibi Ferreira erguem-se para agradecer ao carinho dos fãs.

Em novembro, a atriz leva esse mesmo show a Nova York, no Lincoln Center. E não há previsão para a vinda de Bibi – Histórias e canções aos palcos do Recife. Uma coisa é certa: Bibi é diva, e diva aos 90 anos é 90 vezes diva.

A matéria está no Caderno C deste sábado (6).

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