As essências étnicas e humanas da formação do povo brasileiro guiam as dramaturgias dos dois principais espetáculos encenados hoje na Mostra Brasileira de Dança. Terra, do Grupo Grial, explora o gene indígena presente na nossa história; enquanto Elègun, um corpo em trânsito envereda pelas consciência e espiritualidade advindas dos africanos.
Erguidos sobre o conceitos de corporeidade e performance, Elègun mergulha na metáfora da trajetória de um ser que se deixa afetar pelas ações do corpo como expressão de pensamento. A peça coreográfica, cujo título se refere à pessoa que incorpora orixás nos rituais de candomblé, é apresentada às 20h, no Teatro Marco Camarotti (Sesc Santo Amaro). A obra se desenvolve em sete cenas que dialogam com as questões filosóficas e antropológicas.
Última parte da trilogia Uma história, duas ou três, do Grial, Terra entrelaça a tradição popular com os passos eruditos da bailarina e coreógrafa Maria Paula Costa Rêgo, em um espetáculo que ratifica o quanto de índio no Brasil. O solo, apresentado às 20h30, no Teatro Luiz Mendonça, é também uma crítica, em dança contemporânea, ao genocídio sofrido por esse povo e ao preconceito e à exclusão que ainda recaem sobre eles.
A montagem foi vencedora do Prêmio da Academia Paulista de Críticos de Artes (APCA) no ano passado, na categoria Intérprete-Criador, e arrebatou cinco troféus do Prêmio Apacepe de Dança do Janeiro de Grandes Espetáculos. A trilha sonora de Terra é de Naná Vasconcelos; e a cenografia, de Dantas Suassuna.
Leia a matéria completa no Caderno C desta quinta-feira (7).