Há artistas que se incomodam em serem eternamente associados a um personagem. Não foi o caso de José Pimentel. Aos 83 anos, o ator e diretor viveu o Nazareno pelo 41º ano – 19 deles em Nova Jerusalém e 21 na Paixão de Cristo do Recife.
Além de lidar com questões da própria saúde, Pimentel viveu a própria via-crúcis ao tentar implementar sua visão à trajetória de Jesus em meio a dificuldades de patrocínio e críticas pela idade. "As pessoas têm preconceito, mas o artista não tem idade. Você vê uma Bibi Ferreira no palco e é um estouro. O pessoal brinca que eu deveria interpretar Matusalém. Eu respondo: posso fazer também", diz, Pimentel, que prometeu carregar a cruz até o fim. A primeira vez em que foi à Fazenda Nova, em 1956, não tinha ideia de como o espetáculo determinaria sua vida e carreira. "Na época, eu era halterofilista. Então, fui chamado por Octávio Catanho (ator, diretor e cenógrafo) para vestir a roupa de romano e mostrar os músculos", lembrou, entre risos.