Miguel Falabella abre o FIG com a peça 'O Som e a Sílaba'

A montagem aborda a construção de uma relação profissional e de amizade entre uma jovem com autismo e sua professora de canto
Márcio Bastos
Publicado em 18/07/2019 às 15:02
A montagem aborda a construção de uma relação profissional e de amizade entre uma jovem com autismo e sua professora de canto Foto: Divulgação


O Som e a Sílaba, peça escrita e dirigida por Miguel Falabella, abre a programação do 29º Festival de Inverno de Garanhuns, hoje, às 19h, no Teatro Luiz Souto Dourado. O trabalho reúne no palco as atrizes Alessandra Maestrini e Mirna Rubim e aborda a construção de uma relação profissional e de amizade entre uma jovem com autismo e sua professora de canto.

A relação de amizade entre Falabella e as atrizes não é recente: Mirna foi professora de canto do ator, dramaturgo e diretor, além de ter trabalhado com ele no musical A Gaiola das Loucas. Sobre Alessandra, Miguel diz que ela lhe chamou a atenção desde que surgiu no cenário artístico e, por isso, logo que teve a oportunidade a chamou para trabalhar no humorístico Toma Lá, Dá Cá. Escrito especialmente para as duas, O Som e a Sílaba coroa essa admiração entre o trio.

“O que pouca gente sabia eram os dotes líricos da Alessandra. Como gosto muito de ópera, um dia soube que ela era uma soprano absoluta e marquei um dia para ouvi-la na casa da Mirna. Nessa tarde, ouvindo-a cantar, começou a nascer O Som e a Sílaba. Acredito que as ideias estão por aí, no ar, e a gente precisa juntá-las. Estava muito interessado na questão do autismo, especialmente nos savant, que são autistas altamente funcionais, e pensei em juntar esse tema com a questão musical. Acho que essa é a gênese da peça: falar de seres de exceção que buscam a perfeição porque o canto lírico exige isto”, explica Falabella.

Na peça, após perder os pais, Sarah Leighton (Maestrini), cantora diagnosticada com autismo, busca a ajuda da professora de canto Leonor Delis (Rubim). Juntas, elas passam a se ajudar no enfrentamento de questões emocionais e do cotidiano, em um processo de superação a partir da sororidade e da música.

Para abordar com fidelidade e respeito a temática, Falabella e as atrizes fizeram uma pesquisa intensa com o assunto e contaram com auxílio de pessoas com transtornos psicológicos. Em consonância com a vivência das personagens, a trilha sonora é marcada por números ligados à música clássica.

“É como se os números musicais, de certa forma, acompanhassem a narrativa dramática. Não à toa, a trama da professora, que é uma ex-cantora, uma ex-primadonna, cuja vida foi roubada pela própria filha, assim como a personagem autista, que vive de favor na casa do irmão, com uma cunhada que tem horror a ela, são histórias muito solitárias, mas que, em algum lugar, se encontram na música”, complementa o diretor.

Falabella ressalta ainda a importância de participar de um evento como o Festival de Inverno de Garanhuns, que reúne diferentes linguagens artísticas e formas de ver o mundo. “Este tipo de evento obriga a população veja novas manifestações e novas maneiras de se olhar a vida”, afirma; e, por isso, os eventos públicos para estas ações são fundamentais.

OUTROS PROJETOS

O prolífico artista, sempre com projetos na televisão, teatro e cinema, vai apresentar dois novos trabalhos em breve: Uruguai, filme dirigido por ele e protagonizado pela espanhola Carmen Maura, que estreará no Festival de Gramado, e a série Eu, a avó e a Boi, que ele escreveu e será exibida na Globoplay.

Toda a programação do Festival de Inverno de Garanhuns é gratuita e os ingressos para as peças são disponibilizados horas antes, no Teatro Luiz Souto Dourado, estando sujeitos à lotação do espaço.

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