Bete Paes lança Estampa brasileira

A obra retrata a trajetória da pernambucana, arquiteta de formação, que achou na estamparia a sua principal forma de expressão
Do JC Online
Publicado em 07/03/2012 às 10:57


“Substantivo feminino: 1. Figura impressa em papel, tecido, couro etc. por meio de chapa gravada de metal ou madeira, de pedra ou outro material duro. 2. Ilustração fora do texto, em folha solta em papel de melhor qualidade, com numeração própria. 3. Rastro deixado por algo que fez pressão. 4. Perfeição, beleza. 5. Aparência física. 6. Reprodução, espelho.” A definição para a palavra “estampa” é encontrada no dicionário Houaiss e na página 12 do livro Estampa brasileira, lançado hoje, às 19h, na Livraria Cultura. A obra retrata a trajetória da pernambucana Bete Paes – arquiteta de formação –, que achou na estamparia a sua principal forma de expressão.

“Essa coisa de estamparia brasileira vem de uma cara brasileira que é algo que procuro traduzir no meu trabalho”, afirmou Bete Paes, no seu escritório, localizado no Parnamirim, Zona Norte da cidade. Entre algumas peças dispostas pela sala, uma delas salta aos olhos: um tecido em preto e branco com desenhos produzidos por vários anos e com diversos personagens, feito por Bete a partir de um trabalho minucioso de decalque de antigos retratos. Linha de retratos ganha duas páginas em Estampa brasileira e revela o interesse da artista em reinventar o próprio trabalho. “As pessoas, as situações e os anos, só quem sabe sou eu”, afirmou sorrindo.

A publicação conta com a edição do genro, André Viana, e da filha, Joana Lira, e foi produzida graças ao apelo de Catharina Perez – que trabalha com Bete. “Queria fazer o livro sobre a obra de um amigo. Mas, Catharina disse que se eu fosse fazer um livro seria sobre a minha carreira e acabou me convencendo”.

A obra – publicada pela editora paulista Bei com apoio da Chesf – contempla várias etapas da carreira de Bete, desde o início, quando ela deixou de lado a arquitetura para se dedicar as artes plásticas, no final da década de 1980. Estampa brasileira tem como principal tarefa dar visibilidade ao trabalho de um dos destaques do design nacional nos últimos anos, além de fazer com que o público fique familiarizado com uma obra que carrega o Brasil nas cores e nos traços. No entanto, não fica presa a questões regionais e consegue andar com as próprias pernas.

“Sou arquiteta de formação, mas abandonei a carreira e comecei a pintar, não pensava que aquilo poderia virar uma profissão. Meu marido, na época, era artista plástico, tinha contato com muitas pessoas do meio. Como, desde pequena, eu pintava e desenhava, comecei sem muita pretensão. Participei do Salão de Arte e fui premiada. A partir dai veio aquele questionamento, ‘E agora? Vou continuar fazendo isso’. Acabei decidindo que não”, contou sorrindo. “Queria me expressar através de algo que fizesse parte da vida das pessoas, do cotidiano e decidi que queria trabalhar com estamparia”, completou.

O livro lançado hoje conta com uma apresentação de Adélia Borges, um dos grandes nomes do design brasileiro, e mostra como Bete Paes conseguiu transitar com sucesso pelas artes plásticas e pelo design, muitas vezes unindo essas duas vertentes. Da arquitetura, ela passa a aquarelas e nanquins, ao design de superfície (estamparia), até o design tridimensional de peças de mobiliário e cenário, fazendo o uso de cores fortes, retratos, formas geométricas e trançados.

Entre as peças, que escondem boas histórias, encontra-se no livro a estampa produzida a partir de bicos de renda dados pela sogra de Bete Paes, que resultou no trabalho Linha renda I. Para preservar as rendas, que estavam na família Arruda Falcão há décadas, a artista fez uma releitura dos materiais. Na estampa, ela flerta com a tradição, fazendo algo essencialmente contemporâneo, que carrega o passado sem se basear exclusivamente nele.

Outro destaque da produção é o trabalho de Bete Paes aplicado em objetos, como a Cadeira Cecília (revestida com trançado de malha azul), a Cadeira trama, (feita com crochê em malha de algodão), até a Cadeira Copacabana, releitura do modelo dos anos 50, com trançados artesanais e “fruto da sua maturidade projetual e das instalações que vem fazendo com maestria na paisagem urbana do Recife”, como afirmou Adélia Borges, na apresentação do livro.

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