Fotografias da África expostas em comunidades quilombolas

Circuito da mostra do italiano Diego Di Niglio começa com atividades em Goiana
Eugênia Bezerra
Publicado em 12/04/2014 às 16:01
Foto: Diego Di Niglio/Divulgação


Diego Di Niglio/Divulgação
Ilha de Moçambique, Moçambique (2007) - Diego Di Niglio/Divulgação
Diego Di Niglio/Divulgação
Grafite com o rosto de Samora Machel, em Moçambique (2007) - Diego Di Niglio/Divulgação
Diego Di Niglio/Divulgação
Lomé, Togo (2003) - Diego Di Niglio/Divulgação
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Togo (2003) - Diego Di Niglio/Divulgação

 

A exposição Instantâneas da África, composta por fotografias feitas pelo italiano Diego Di Niglio, é inaugurada neste sábado (12/4), às 16h, em Goiana (Mata Norte). O público pode conferir as obras no Centro Vocacional Tecnológico (CVT) até o dia 18 de maio. A comunidade São Lourenço, antigo Quilombo de Catucá, é a primeira parada na rota do projeto que, além de levar a exposição a quatro comunidades em Pernambuco, também realiza vivências fotográficas com os jovens em cada uma delas. 

As fotos expostas foram feitas por Diego em várias viagens, de 2002 a 2007. "Sou cientista político e trabalho no âmbito de desenvolvimento de projetos por uma instituição italiana (Istituto Cooperazione Economica Internazionale). Comecei a conhecer a África pelo Níger, depois fui visitando vários países", lembra Diego.

"A fotografia sempre estava me acompanhando. Eu tinha a oportunidade de me integrar muito com a população, ir a lugares fora do que seria a visão turística. Foi uma grande oportunidade. Gosto muito de fotografar pessoas, conhecer histórias de vida", continua o fotógrafo.

Benin, Camarões, Moçambique, Malawi, Suazilândia, Níger, Chade, Togo, Burkina Faso, Senegal e Gâmbia foram os países visitados pelo italiano. Ele conta que tentou mostrar nas fotografias "a dignidade dos rostos e contar sobre as histórias das pessoas com quem compartilhou o caminho. Às vezes só por breves instantes a bordo de um caminhão atravessando o Burkina Faso, de transeuntes observados nas ruas de Niamey e de Lomé, das mulheres das comunidades rurais do Malaui ou dos pastores nômades do deserto do Chade. Companheiros de trabalho em alguns casos ou simplesmente de viagem em muitos outros", como descreve Diego.

A exposição é formada por 50 obras. Duas séries temáticas fazem parte do conjunto: uma sobre a Casa dos Escravos da Ilha de Gore (Senegal) e outra sobre os pastores nômades Peul. Dez imagens foram impressas em lonas de 1,5m x 2m. Estas serão expostas em ruas e praças, com o intuito de se aproximar das comunidades visitadas.

Diego também já viajou a lugares como o Sri Lanka (para projetos de reconstrução após o tsunami), Argentina e Brasil (onde as andanças dele começaram em 2004). Em 2011, o italiano passou a morar em Olinda. 

"Esta exposição foi gerada em 2013 e lançada no Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco (MAC). Foi quando surgiu a ideia de fazer este circuito. Criei o projeto com intuito de que esta exposição possa ajudar a estimular o processo de reconhecimento identitário, de pensar na história dos afrodescendentes no Brasil, neste elo com a África. Estimular esse processo através da fotografia", explica Diego.

Neste processo de mediação para estimular um diálogo, a exposição chega às comunidades acompanhada por algumas atividades. "Junto com a mostra, temos as vivências fotográficas com Mateus Sá e Guga Soares. A ideia é ficar uma semana em cada uma das comunidades e trabalhar com grupos de jovens, para que a partir das fotos feitas por eles, os jovens pensem no que significa tudo isso, identifiquem na comunidade referências culturais, histórias, os fazeres que tenham a ver com a África. Pode ser algo na música, na comida", cita Diego.

O roteiro da equipe também inclui as comunidades Timbó (Garanhuns), Filhos do Pajeú (Floresta) e Águas Claras (Triunfo). O projeto é realizado com apoio do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura). A última exposição será montada em agosto, mas, depois disso, ainda haverá alguns desdobramentos da iniciativa. 

"A partir de setembro vamos preparar um catálogo que vai contemplar todo o material produzido nas vivências e um pequeno documentário com a história desta circulação, mostrando nossa experiência. Depois disso, queremos voltar às comunidades para mostrar este material e fazer um momento de integração", afirma o fotógrafo.

De acordo com os planos de Diego, a exposição também deve ser montada no Pequeno Encontro da Fotografia. O evento ocorre de 21 a 24 de maio, em Olinda.

 

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