Sem a proposta de sugerir um roteiro para que o público veja obras em ordem cronológica, a exposição Angelo Venosa faz um panorama sobre 30 anos de criação deste artista paulistano radicado no Rio de Janeiro. Na mostra individual, que pode ser vista a partir desta quarta-feira (1/10) no Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães (Mamam), é possível observar como processos, conceitos e conexões foram trabalhados por ele ao longo do tempo, com diferentes técnicas e materiais. A abertura começa às 19h e as obras permanecem no Recife até novembro, finalizando um circuito pelo Brasil.
"Aqui no Recife a exposição está um pouco menor do que no projeto inicial. Uma das obras era muito grande e seria impossível trazê-la por causa da fragilidade dela, por exemplo. Mesmo com a redução, esta mostra no Mamam guarda o desenho original e conta o mesmo percurso, de 1985 até agora", afirma Angelo.
A experiência dele nas artes plásticas começou pela pintura, mas o artista "logo percebeu o ímpeto pela quebra da tela e a busca da tridimensionalidade, quando rasgou o linho e introduziu um volume no rasgo", como descreve a curadora Ligia Canongia (RJ). Uma das possíveis conexões estabelecidas ao visitar a mostra pode se dar por esta linha: o tecido e a madeira, que na pintura se traduzem na tela e no chassi, transformaram-se em material para uma das esculturas mais antigas do conjunto mostrado no Mamam.
Outra pista para a observação do conjunto exposto é oferecida por Ligia no mesmo texto curatorial: "o interesse (de Angelo) pelos estados transitivos, pela passagem entre as coisas e por processos ambíguos de construção, que passariam a vigorar no conjunto das esculturas futuras".
"A partir de um certo momento comecei a usar o computador (para as esculturas), algo que já usava para o trabalho como designer. Foi feita uma ressonância do crânio do passarinho e cada imagem foi desenhada em uma destas placas. Em outra peça, para ver a imagem você precisa ficar a 45º. Se saio desta posição, vejo linhas sem sentido. Ela tem uma sensação de volume por causa de um truque ótico chamado anamorfismo. Eu queria forçar uma vibração entre desenho e percepção tridimensional", afirma Angelo.