Livro destaca esculturas de Ronaldo Câmara na produção atual

A obra Escultores Brasileiros, com curadoria de Sônia Skroski, traz perfis de artistas brasileiros
Do JC Online
Publicado em 29/03/2016 às 7:32
A obra Escultores Brasileiros, com curadoria de Sônia Skroski, traz perfis de artistas brasileiros Foto: Reprodução


Ao pesquisar, por acaso, sobre suas obras na internet, o cartunista e escultor Ronaldo Câmara encontrou seu nome citado na apresentação de um livro. Sem nunca ter ouvido falar na publicação, via ali sua obra ser descrita como um dos trabalhos de escultura contemporâneos relevantes, destacado pela técnica que ele mesmo desenvolveu: a fusão de resina de poliéster com vários tipos de materiais reciclados e reaproveitáveis.

A obra era Escultores Brasileiros, com curadoria de Sônia Skroski. Só ao pegar o livro nas mãos, o cartunista lembrou que tinha enviado imagens de algumas de suas obras para uma pesquisa. No volume, estão seis páginas com obras suas e um breve texto, que ressalta a singularidade da técnica dos “resiclados”, união das palavras resina e reciclados. Ronaldo está citado dentro de uma “terceira fase” da escultura, junto a outros criadores contemporâneos do Brasil – é o único nome pernambucano.

“Criei a técnica em 2002, mas já experimentava com a união de técnicas. A minha primeira escultura, A Lavadeira, de 1986, era feita de concreto com a aplicação de resina na base. Em outras obras, já tinha misturado ferro com cimento. Só depois é que desenvolvi esse neologismo e passei a usar essa união nas minhas esculturas como um todo”, conta o escultor.

Em um Estado de grandes escultores como o nosso – com Abelardo da Hora, Brennand, Cavani Rosas e Corbiniano, entre outros –, ele conta que sempre se preocupou com a textura dos objetos que criava. “Passei a imaginar como podia criar uma outra relação entre a forma e o material usado. Foi uma busca também de uma identidade para minhas obras”, comenta. Assim, dentro de figuras humanas ou detalhes do corpo, Ronaldo começou a colocar placas eletrônicas, memórias de computador, clipes, destroços. “Tem a ver com minha vontade de revelar o que está dentro de objetos como a TV e os aparelhos domésticos”, explica.

Além disso, a mistura de resina com objetos descartados e reutilizados faz parecem que suas obras têm uma estrutura interna, uma engrenagem estranha. Na série Corredores, por exemplo, é possível ver elementos como latas, brocas e placas de metal dentro do corpo que corre.

Com 28 obras espalhadas em prédios da Região Metropolitana do Recife, além de bustos feitos por encomenda, ele prepara novas obras figurativas no formato. “Mas também quero experimentar formas abstratas e geométricas com a técnica”, adianta.

Além do livro Escultores Brasileiros, Ronaldo também já foi tema de uma outra pesquisa, da brasileira radicada na Argentina Vanda Hertcert. A partir da primeira escultura de Ronaldo, A Lavadeira, feita depois de um período de aprendizado com Cavani Rosas, ela se interessou pela produção do artista pernambucano.

A escultura, que virou alvo de devoção na Festa da Lavadeira, foi o ponto de partida para uma pesquisa de conclusão de curso que culminou com a vinda de Vanda para o Recife. Aqui, ela fez um registro fotográfico de quase todas as esculturas de Ronaldo – algo que nem ele tinha.

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