Teria 'A Fonte' de Duchamp sido criada por uma vanguardista esquecida?

Pesquisadores têm levantado evidências que indicam que icônico urinol pode ser de autoria de uma alemã pioneira do dadaísmo
JC Online
Publicado em 15/04/2017 às 14:13
Foto: NE10


Durante décadas A Fonte, o revolucionário urinol de Marcel Duchamp que completa 100 anos, foi tida inquestionavelmente como uma obra de o artista francês. Mas pesquisas recentes apontam fortes indícios de que a obra na verdade pode ter sido de autoria da pintora, poeta e escultora Baronesa Elsa von Freytag-Loringhoven. A primeira dúvida surge a partir de relato do próprio Duchamp, que no dia 11 de abril de 19179 escreveu, em carta à irmã: “Uma das minhas amigas que adotou o pseudônimo de Richard Mutt me enviou um urinol de porcelana como uma escultura; como não havia nada de indecente, não havia motivo para rejeitá-lo”. A Baronesa Elsa é a mais provável dessas amigas. Na época, ela vivia na Philadelphia e os jornais reportaram que o tal R. Mutt era de lá.

Em 1923 ou 1924, esquecida pelos amigos, ela fez uma pintura dolorosa Esquecida como Esta Sombrinha Sou Eu Por Você. A imagem tem um mictório e um pé de um homem abandonando o quadro em provável referência a Duchamp. Apesar do título de baronesa, ela vivia em condições precárias em um apartamento infestado de ratos em Nova York. Sua vida foi contada e analisada no livro Baroness Elsa: Gender, Dada, and Everyday Modernity (de Irene Gammel) e a relação com a fonte foi esmiuçada em Stranger Than We Can Imagine: Making Sense of the Twentieth Century (de John Higgs)

Feminista e libertária, Elsa von Freytag fazia da sua vida uma performance. Usava batom preto, colheres como brinco, experimentava com androginia e foi presa algumas vezes por nudez. Hoje é tida como uma das primeiras dadaístas – ou até uma precursora do punk. 

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