Um parque de diversões – porém, para adultos. Cada vez mais, o complexo gastronômico BarChef se encaixa como anel em dedo de noiva no conceito. É o que vemos a cada vez que a chef Ralina Aragão resolve imprimir mudanças no cardápio.
Com operação mais simplificada no shopping Rio Mar, a unidade matriz de Casa Forte conta com quatro operações. É na delicatessen com serviço de comida mais simples que nos restaurantes do casarão da 17 de Agosto que a chef implementa agora suas pequenas novidades
Para compartilhar, Raline bolou uns samplers: pequenas porções de pratos emblemáticos de várias culinárias do mundo. O sampler árabe (R$ 38) consta de um mix de tudo o que podemos evocar rapidamente da cozinha árabe: pequenos kibes perfeitamente fritos, bem temperados, esfihas de carne e de queijo, hummus e coalhada seca bem cremosa. Ótimo divertimento para acompanhar uma das muitas cervejas especiais e importadas disponíveis no freezer (há também as pilsen tradicionais brasileiras). Há, também, um sampler alemão (R$ 58), composto de costelinha defumada, linguiças artesanais, purê de batata doce e mostarda.
Entre os pratos principais, o Chicken Massala (R$ 32) é daqueles que só conseguimos comer quando viajamos para fora do País e vamos a restaurantes devidamente mantidos por imigrantes indianos: cheio de sabores em profusão. O frango é cozido num curry com páprica e gengibre, com molho de iogurte natural, acompanhado de cuscuz marroquino. Bem spicy.
Essa é, aliás, uma das características de Ralina Aragão: se apropriar de pratos emblemáticos de várias cozinhas do mundo sem parecer caricata ou excessivamente subserviente. Aporta algumas inovações, sem descaracterizar o prato. Ao contrário, o torna mais potente. É uma chef com informação e técnica (bem) acima da média.
No cardápio, por exemplo, ela comete a “heresia” de recriar um bolinho de bacalhau (R$ 6). Recheia o acepipe com queijo brie. Não temos mais aquele bolinho crocante de trama com bacalhau desfiando-se, mas uma “croqueta” em que o brie explode e se espalha pela boca.
O Barchef, assim vai, sem exageros, figurando como um dos pontos mais cosmopolitas no mapa gastronômico da cidade. Onde encontramos comidas de várias latitudes executadas sem hierarquias. Onde mais, por exemplo, podemos achar um pad thai com cara de original? Pois ali, encontramos o macarrão fininho, biffun, feito de arroz, curry, frango, camarão, amendoim, ervilha torta, pimentão, tomate cereja, cenoura, gergelim tostado e um molhinho agridoce.
No setor dos burguers, o de cordeiro (R$ 24) recheado com muçarela de búfala e maionese caseira é primorosamente suculento. Por ali, podemos recorrer apenas aos serviços da delicatessen: uma tábua de frios e embutidos (R$ 36) traz presunto de Parma, salame, mortadela, prima donna, muçarela de búfala e gorgonzola, com geléia, damascos, azeitonas marinadas e torradas. Nada mal. Mas seria um desperdício não aproveitar nada que sai dos fogões sob o comando de Ralina ali pertinho.