Se Laura Cardoso fosse criar uma personagem como ela, teria “no coração, uma mensagem de paz, justiça e igualdade”. Assim se define esta que está no hall das grandes atrizes do País, com 86 anos de vida e 70 de carreira. Esta paulista não é só um grande talento das telenovelas, mas do cinema e do teatro. Aqui, ela fala, com exclusividade, sobre o amor ao ofício, que lhe rende uma nova homenagem: a da 18ª edição do Cine PE, no dia 2 de maio. O festival de cinema divulga hoje, às 16h, a programação completa do evento.
JORNAL DO COMMERCIO – A senhora já interpretou dezenas de papéis em peças de teatro, novelas e filmes. Quais processos para criar uma personagem?
LAURA CARDOSO – Eu levo um tempo. Não construo uma personagem facilmente. Para mim, é trabalhoso de verdade. Eu pesquiso, faço laboratório e vou aos lugares onde tem gente para observar e colher detalhes necessários ao personagem. É difícil construir algo que precisa ser crível. Passo noites com o roteiro ao meu lado.
JC – Já chegou a misturar as nuances de um personagem com a vida real?
LAURA – Olha, o trabalho é assim: você dá muito de si e recebe muito da personagem. Há uma troca de vivências, conhecimentos e descobertas.
JC – Sente que se assemelha com alguma personagem que interpretou?
LAURA – Em todas elas, existe um pouco de mim e eu tenho muito delas. É uma troca. Você não pode ser igual a uma personagem. Tem que criar um outro ser humano.
JC – Se tivesse que criar uma personagem igual à senhora, como faria?
LAURA – Acho que procuraria interpretar uma personagem que tivesse, no coração, uma mensagem de paz, justiça e igualdade. Procuro ter esses sentimentos. Ter um bom caráter.
JC – Então nunca seria uma vilã...
LAURA - Todo ser humano tem os dois lados: o bom e o ruim. Vai de sua cabeça priorizar um ao outro. O ser humano tem essa mistura.