Houve uma época no cinema, sobretudo, claro, em Hollywood, que a produção de filmes sobre passagens bíblicas era tão intensa que praticamente se tornou um gênero à parte e marcou a carreira de atores e cineastas. Com o tempo, caíram em desuso, salvo por iniciativas que se tornaram polêmicas, como A última tentação de Cristo (1988), de Martin Scorsese, e A paixão de Cristo (2004), de Mel Gibson. Noé (Noah, EUA, 2014), dirigido sob encomenda por Darren Aronosky (Cisne negro) e estrelado por Russell Crowe, que estreia esta quinta-feira (3/4), revive essa época áurea agora de forma turbinada pelo milagre dos efeitos especiais.
O longa, que entra em circuito normal, hoje, nos cinemas brasileiros, marca também o início das atividades das salas especiais da rede UCI Kinoplex no Shopping Recife – a aguardada Imax, com sua tela gigante e som ensurdecedor, e as três De Lux. A abertura oficial para o público ocorre apenas na sexta-feira (4/4).
Sob a perspectiva supracitada, Noé, o filme, pode significar um reboot nesse subgênero que mistura drama e aventura, já que se trata de uma adaptação de um passagem do Gênesis, o primeiro livro do Velho Testamento. É óbvio que se a produção for bem de bilheteria será um caminho natural para a realizações de mais obras desse tipo.
Se colocados na balança os prós e os contras da produção, pode-se dizer que Noé, apesar da grandiosidade e de se tratar da primeira ficção de longa a tratar os episódios descritos na Bíblia de maneira séria, está longe de se tornar uma versão definitiva sobre o assunto.
Credenciado por sua performance em Gladiador (2000), que lhe rendeu o Oscar de Melhor Ator, Crowe encarna um Noé até adequado, coerente, meio ogro, mas que vez por outra sai do tom.
As licenças poéticas são a tônica do filme, cujo roteiro, assinado por Aronofsky e Ari Handel, mantém a base das poucas informações descritas no Velho Testamento e cria, livre, textual e visualmente, um universo em que teriam vividos os personagens, cercado de intervenções sobrenaturais. As referências, no entanto, não resultam em um trabalho convincente.
Leia a crítica completa na edição desta quinta-feira (3/4) do Caderno C do Jornal do Commercio.