O movimento Ocupe Cine Olinda não pode parar. Depois da apoteótica sessão de Aquarius – com mais de 400 pessoas dentro da sala e outras cento e tantas que ficaram de fora, mas que participaram do evento –, no sábado à noite, a ocupação volta nesta tera-feira (11/10) com a programação do Cineclube CineRua, organizado pelo pesquisador e critico de cinema André Dib.
A resistente sala da Praça do Carmo, que estava fechada há 50 anos – enquanto sucessivas administrações municipais teimavam em não devolvê-la à comunidade –, ganha a partir das 19h30 uma sessão temática com quatro curtas-metragens e uma aula sobre os cinemas de rua. O crítico, professor e curador do Cinema do Museu Luiz Joaquim abre o programa com a palestra sobre a história e a importância dos cinemas de rua para as cidades e seus cidadãos. A partir da década de 1970, praticamente todos os cinemas de rua sumiram das cidades brasileiras.
Os quatro filmes programados trazem histórias das salas recifenses e olindenses e de personagens que dedicaram a vida à arte de exibir filmes. Um desses personagens, que teve sua vida eternamente ligada à Olinda, é Bajado, de Marcelo Pinheiro, realizado em 2015. Vários de amigos e vizinhos de Bajado, ou melhor, Euclides Francisco Amâncio, falam de seu trabalho como desenhista de títulos de filmes do Cine Olinda.
Cinema Glória, realizado em 1979, é o mais antigo dos curtas. Nele, Fernando Spencer e Felix Filho mostram o dia a dia dessa sala, fundada em 1926, no Bairro de São José. Sua clientela era formada por pessoas que frequentavam o Mercado de São José e a Praça Dom Vital.
Homem de Projeção, de Kleber Mendonça Filho, é um curta sobre Seu Alexandre Moura, saudoso projecionista do Art-Palácio e do Cine Ribeira. Casa de Imagem, de Kleber e Elissama Cantalice, traz um apanhado do que restou das salas de cinema de bairro do Recife. Os dois curtas foram feitos em 1992.