Depois de um hiato de sete anos, o trio Dan Brown (escritor), Ron Howard (diretor) e Tom Hanks (ator) está de volta às aventuras do simbologista americano Robert Langdon em Inferno, que estreia nesta quinta-feira (13/10) em circuito nacional, uma semana antes do lançamento americano. São 10 anos de muita correria por lugares exóticos e pitorescos da Europa, numa mistura de filme de espionagem e guia turístico. Como há esse tempo considerável entre as duas primeiras adaptações – O Código da Vinci, em 2005, e Anjos e Demônios, em 2009 – e esta última, o sentimento é de que a brincadeira já deu o que tinha de dar.
A adaptação de Inferno, quarto livro da série, escrito antes de O Símbolo Perdido, o terceiro, que não ganhou sinal verde para ser feito, é a primeira pista de que a franquia dever parar por aqui. As duas primeiras, realizadas com mais requinte e capricho, parecem superiores em todos os aspectos do que a última. Na verdade, como as ações dos livros não são conectadas – inclusive, Anjos e Demônios é o primeiro da série literária –, o que acontece é o cansaço de uma forma conhecida.
Após um prólogo enigmático, onde vemos um homem, Bernard Zobrist (Ben Foster), caindo para a morte, entra em cena o simbologista Robert Langdon, que é encontrado desmemoriado num hospital em Florença, na Itália. Perseguido por dois grupos diferentes, Langdon recebe ajuda da Dr. Sienna Brooks (Felicity Jones), uma jovem médica que vai fazer com que ele se livre das ameaças até ter tempo para descobrir o que significa o objeto que está com ele, uma pequeno projetor que lança numa parede uma versão ampliada do quadro Inferno, de Botticelli, feito a partir da obra de Dante Alighieri.
No corre-corre incessante que se segue, da Itália à Istambul, na Turquia, descobre-se que o mundo está em perigo por causa de um possível vírus que pode dizimar a humanidade. Ao lado da jovem médica, a jornada de perigo de Robert Langdon vai acontecendo aos trancos e barrancos. Numa minuto, eles são caçados por um drone. Depois, enfrentam uma mercenária, Vayentha (Ana Ularu), que se dá mal e se espatifa dentro de um museu, em Veneza; e um agente da Organização Mundial de Saúde (o francês Omar Sy), que resolve tirar proveito da situação.
Apesar de manter o ritmo acelerado presente dos filmes anteriores, com suas reviravoltas mirabolantes e aquelas conhecidas brincadeiras com livros e obras de arte, Inferno vai ficando ridículo em sua parte final. Mas o mais absurdo é que a humanidade será salva por causa da falta de linha de um celular. Nunca antes um cliché foi tão abusado quanto em Inferno.