Renato Aragão e sua trajetória no cinema é permeada pelo mesmo humor despretensioso que tornou icônica sua presença na televisão. Aos 82 anos, ele lança nesta quinta-feira (19) seu 50º filme – uma nova versão de Os Saltimbancos Trapalhões, numa trajetória na telona iniciada em 1965. Com roteiros originais ou releituras e paródias de clássicos da literatura ou do próprio cinema, sempre com o inconfundível tempero à la Didi Mocó, o humorista cearense arrastou para as salas exibidoras – com os Trapalhões ou sozinho – milhões de pessoas de várias gerações brasileiras.
A Ilha dos Paqueras, por exemplo, filme dirigido em 1970 por Fauzi Mansur, teve um público de 1.335.132 espectadores, sendo o terceiro filme mais assistido no ano. Apenas três anos depois, Aladim e a Lâmpada Maravilhosa foi assistido por aproximadamente 2.567.943 espectadores. Simbad, O Marujo Trapalhão, em 1976, atraiu para a bilheteria 4.407.719 espectadores.
Ainda na era do cinema preto e branco, a primeira investida nas telonas foi com A Pedra do Tesouro (1965), um curta-metragem de 35 minutos produzido por Roberto Farias, já ao lado de Dedé Santana. Na sinopse, Didi e Dedé estão no Velho Oeste, em busca de um tesouro de grande valor, que está escondido sob uma pedra ainda maior. A obra nunca fora lançada comercialmente, até 2005, quando Renato inseriu o filme como bônus no DVD comemorativo O Mundo Mágico dos Trapalhões.
Em 1966, já assinando como Os Trapalhões, nasce o primeiro longa oficial da trupe: Na Onda do Iê-Iê-Iê, dirigido por Aurélio Teixeira. Na história, os amigos Didi (Renato Aragão) e Maloca (Dedé Santana) ajudam o cantor César Silva (Silvio César) a vencer no mundo artístico. Era o primeiro longa em que Renato já assinava o argumento. Explorando o contexto musical da Jovem Guarda, nascia aí uma característica quase que onipresente dos filmes de Renato: as participações especiais, geralmente de pessoas que tinham grande apelo popular. Neste longa, por exemplo, participaram Wilson Simonal, Wanderley Cardoso, Rosemary, Clara Nunes, The Fevers e Os Vips.
O primeiro longa que reuniu a formação clássica dos Trapalhões: Didi, Dedé, Mussum e Zacarias veio 13 anos depois em Os Trapalhões na Guerra dos Planetas (1978). Como o próprio título sugere, o filme é uma paródia trash do blockbuster da época, a saga Star Wars, de George Lucas. Na obra, o príncipe Flick (Pedro Aguinaga) pede ajuda aos Trapalhões para salvar o seu planeta do malvado Zuco (Carlos Bucka). A fita, lançada nas férias de verão daquele ano, levou pouco mais de 5 milhões de pessoas aos cinemas.
O quarteto ficou junto nos cinemas até o clássico A Princesa Xuxa e os Trapalhões (1989), de José Alvarenga Jr. Em 1990, O Mistério de Robin Hood, do mesmo diretor, foi desfalcado pela perda de Zacarias, que morreu naquele ano. Já Mussum contracenou com Renato e Dedé até 1991, no filme Os Trapalhões e Árvore da Juventude, também assinado por Alvarenga. Mussum morreria três anos depois.
Em 1997, Renato Aragão voltou aos cinemas com Dedé Santana em O Noviço Rebelde, Simão, O Fantasma Trapalhão (1998) e O Trapalhão e a Luz Azul (1999). Nos anos 2000, Didi seguiu solo nas telonas até 2008, quando deu uma nova parada e regressou cinco anos depois com dois telefilmes para a TV Globo: Didi, O Peregrino (2013) e Didi e o Segredo dos Anjos (2014). A nova versão de Os Saltimbancos Trapalhões (2017) fecha, então, a conta de 50 filmes do humorista.